Seminário debate arbitrariedades do Bradesco

Durante um seminário sobre os desmandos do Bradesco, foi apresentado um estudo pela economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Milena Alves, apontando que o uso da tecnologia tem gerado a criação de novos modelos de negócios na categoria bancária. Além disso, algumas empresas que executam serviços financeiros não são instituições financeiras, e as metas estão associadas ao alto adoecimento da categoria. O seminário foi realizado, nesta quarta-feira (22), pela Federa-RJ com objetivo de traçar estratégias de luta contra as arbitrariedades praticadas pelo Bradesco. Segundo o documento, o Bradesco teve um lucro líquido contábil em 2023 de R$13,4 bilhões. No entanto, apesar do lucro, o banco  fechou 33 agências e 24 postos de atendimento. Só no Rio de Janeiro, são 14 agências e 28 postos com atividades encerradas. Foram demitidos 2.272 funcionários em 12 meses. Os dados deixaram estarrecidos os presidentes dos sindicatos de Bancários de Petrópolis, Sávio Barcellos; do Sul Fluminense, Júlio Cunha; de Teresópolis, Cláudio Melo; ao lado de Fabiano Júnior, secretário de Bancos Privados da Federa-RJ; e dirigentes de base de todos os sindicatos da Federa-RJ. O presidente do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense, Júlio Cunha, que está interinamente como presidente da Federa-RJ, devido às férias da presidenta Adriana Nalesso, classificou de vergonhosa a situação. “Esse seminário é positivo porque vai ajudar a chegar a um entendimento do que é melhor para a categoria. Temos certeza que é necessária uma ação unificada para dar uma resposta a essa política desrespeitosa do Bradesco”, ressaltou Júlio. Uma das propostas do seminário é que o próximo 28/11, terça-feira, será Dia Nacional de Luta com atividades em todas as bases da Federa-RJ.

Representação dos trabalhadores conquista avanços importantes em negociações pelo Saúde Caixa

A Caixa apresentou, nesta quarta-feira (22), uma nova proposta  para o acordo coletivo específico sobre o Saúde Caixa, mantendo o percentual de contribuição dos titulares de 3,5% sobre a remuneração base, com valor fixo de R$ 480 por dependente. O banco também reduziu o teto de 10%, previsto na proposta anterior, para 7% da remuneração, atendendo a uma reivindicação da representação dos empregados. A proposta foi apresentada durante reunião entre representação dos empregados da Caixa, formada pelo Comando Nacional dos Bancários e a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, e o banco. Segundo o acordo realizado, caso haja déficits, alteração no teto estatutário do banco de 6,5% no custeio do plano ou outras mudanças que impactam o acordo coletivo, serão realizadas novas negociações. Em comparação com outras estatais, o teto de 7% é um dos menores. Na Cassi (plano dos empregados do Banco do Brasil), por exemplo, o teto é 7,5%, com contribuição do titular de 4%, além de percentuais adicionais escalonados para dependentes. A proposta da Caixa segue os parâmetros estabelecidos pela representação dos empregados, preservando os princípios do plano como a solidariedade e o pacto intergeracional. Dessa forma, os empregados de menor salário e os mais idosos não são penalizados. A proposta também prevê o equilíbrio do custeio do plano para que seja sustentável para todos, impedindo a saída de usuários. Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), ressalta que a proposta foi a possível para não onerar mais os empregados e manter a sustentabilidade do plano para todos os empregados. “Não foi uma negociação fácil, mas nós conseguimos um acordo que seja o menos prejudicial possível para os empregados. Precisamos destacar que não houve aumento para o titular que não tem dependente. Isso é um avanço importante”, destacou a dirigente, acrescentando que há déficits robustos no plano a equacionar. A coordenadora da Comissão Executiva de Empregados (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt, explicou que “dentro desse processo, equacionamos o déficit de 2023, de R$ 422 milhões, sem a necessidade de pagamento de parcelas extraordinárias e com o reajuste resolvemos a situação de 2024, que tem déficit projetado de R$ 660 milhões.” A volta dos Comitês Regionais de Credenciamento e Descredenciamento, com participação dos sindicatos, além da recriação das Gerências de Filial de Gestão de Pessoas (Gipes) já em 2024 foi mais uma conquista da representação dos trabalhadores. De acordo com informações da Caixa, inicialmente serão cinco gerências, abrangendo diversos estados dentro de uma região. Além disso, serão recriadas as Repes, representações regionais vinculadas às Gipes, que atenderão os estados. 2023 – déficit zerado O déficit projetado pela Caixa para 2023 é de R$ 422 milhões. Se não houvesse a negociação, o efeito poderia impor aos empregados o pagamento de 4,5 contribuições extraordinárias para recomposição. A negociação possibilitou que o déficit seja equacionado com as reservas técnicas e de contingência, com incremento da Caixa no valor de R$ 177 milhões referente às despesas de pessoal retroativo a 2021, o que valerá para os anos seguintes. Com o recurso, ainda haverá uma sobra de R$ 40 milhões para ajudar no déficit de 2024, estimado em R$ 660 milhões. A representação dos trabalhadores obteve, ainda, outro avanço para o acordo coletivo: o repasse periódico pelo banco dos dados primários, que são as informações financeiras e atuariais do plano, fundamentais para acompanhamento da situação geral do plano, possibilitando a realização de projeções atuariais do Saúde Caixa. No próximo dia 5 de dezembro haverá assembleias convocadas pelo  Comando Nacional. Até lá, sindicatos e entidades vão promover esclarecimentos sobre as negociações e debates sobre a proposta com os empregados nas bases. A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e do GT Saúde Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt informou que haverá uma live, nesta quinta-feira (23), a partir das 19h, para tirar as dúvidas dos trabalhadores. A live será transmitida pelo Facebook e pelo Youtube da Contraf-CUT e pelo Youtube da Fenae.

Santander: discurso de presidenta preocupa movimento sindical

A apresentação realizada, nesta quarta-feira (22), pela presidenta mundial do Santander, Ana Botín, preocupou os representantes da Comissão Organização dos Empregados (COE) do banco espanhol. A apresentação foi feita na Torre Santander, sede do banco no Brasil. O movimento sindical identificou falta de condições com os trabalhadores e suas condições de trabalho, no discurso da presidenta, que informou sobre o crescimento da carteira de clientes para 9 milhões, aumento da receita em 13% e o aprimoramento do índice de eficiência em 44% em relação ao mercado. Ana também revelou planos de atingir 40 milhões de clientes até 2025, impulsionando uma abordagem centrada em investimentos globais de R$ 3 bilhões em Tecnologia da Informação. Os representantes sindicais ficaram preocupados com a ênfase dada ao uso de ferramentas tecnológicas, inteligência artificial e atendimento remoto. “Nós enxergamos a necessidade urgente de regulamentação em relação ao uso da inteligência artificial, buscando garantir um atendimento acessível à população e, simultaneamente, melhorar as condições de trabalho dos profissionais do setor financeiro”, afirmou a coordenadora da COE Santander, Wanessa de Queiroz. Outra crítica do movimento sindical foi em relação ao atendimento digital. Segundo Wanessa, “a falta de escolha para os clientes, que são direcionados para plataformas digitais sem alternativas, é um desrespeito.” O atendimento remoto feito pela terceirizada SX Negócios também é motivo de preocupação. Segundo Wanessa, a empresa coligada do grupo se trata de uma fragmentação da categoria bancária. A coordenadora explicou que, enquanto o Santander busca se posicionar como líder tecnológico global, o movimento sindical destaca a importância de equilibrar o avanço tecnológico com a proteção dos empregos e condições dignas de trabalho. “O Santander precisa ter responsabilidade social nos países nos quais obtém seu lucro. O movimento sindical reforça a necessidade de diálogo entre o Santander e os trabalhadores para garantir um futuro equilibrado e sustentável para todos os envolvidos”, concluiu Wanessa.