Gerentes do BB denunciam pressão e assédio ‘nunca antes vistos’
Funcionários que atuam como gerentes gerais (GG) no Banco do Brasil denunciam forte assédio e pressão para atingir metas como nunca enfrentado anteriormente. “As cobranças são realizadas de duas formas: reuniões de áudio várias vezes ao dia, principalmente no fim de expediente, cobrando o que já foi cobrado; além da exigência de entrega de uma planilha de produção ao término do expediente”, contou o funcionário do BB e diretor do Sindicato de Jundiaí, Álvaro Pires da Silva. Os gerentes pontuam que o banco possui tecnologia para acompanhar todo o processo online. Portanto, a exigência de produzir uma planilha, além do sistema usual, é avaliada pelos funcionários como “um instrumento de tortura” e para produzir provas contra o gestor a respeito de sua capacidade. “Alguns gerentes não repassam para os subordinados as exigências, mas muitos acabam repassando a cobrança, inclusive para escriturários”, destacou Álvaro. O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, alertou que “a gestão pelo assédio”, com base em metas cada vez mais abusivas e inatingíveis, impacta diretamente a saúde de todos os bancários, não só dos gerentes gerais. “Todos acabam sendo submetidos às mesmas pressões”, explicou. “A direção do BB precisa esclarecer a razão de estar acontecendo esse tipo de cobrança, várias vezes ao dia, e por que essa obrigação de uma planilha, além dos mecanismos de acompanhamento de funções que já existem na empresa”, completou. Álvaro pontuou ainda que, até mesmo gerentes que vinham respondendo às exigências cada vez maiores das lideranças, estão agora se manifestando contra o novo e surpreendente modelo de cobrança. “Poucos funcionários conseguem, tranquilamente, fazer a planilha. Mas, os que não conseguem ficam constrangidos e sofrem psicologicamente”, pontuou. Enfraquecimento do BB Fernanda Lopes, secretária de Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e bancária do BB, enfatiza que está ocorrendo uma redução de agências e funcionários, junto à escalada de pressão por metas: “Nos últimos quatro anos, temos sofrido com o encolhimento do banco. No período, foram fechadas mais de 1.500 agências e reduzido em mais de 10.500 o número de funcionários. As metas, por outro lado, continuam subindo. Por isso nós defendemos a volta do fortalecimento do BB como um banco público, alinhado com o desenvolvimento do país e presente nas regiões onde os bancos privados não querem atuar, que são as pequenas cidades e periferias”, concluiu.
Denúncias de assédio nas Centrais de Relacionamentos são apontadas em reunião com o BB
Durante reunião nesta quinta-feira (14/04), a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) apresentou à direção do Banco do Brasil denúncias de assédio moral e cobrança excessiva de metas, que dificilmente serão atingidas, nas Centrais de Relacionamento do Banco do Brasil (CRBBs) de São Paulo, Curitiba, São José dos Pinhais (PR) e em outras localidades do país. A direção do banco se comprometeu a apurar as denúncias e trazer respostas na próxima reunião. Desde a alteração do nome de Central de Atendimento para Central de Relacionamento, aprofundou-se a mudança de foco na CRBB para a oferta e venda de produtos. Porém, é papel da CRBB atender clientes não encarteirados do banco, normalmente com menor poder aquisitivo, muitas vezes incapazes de adquirir produtos e serviços que devem ser ofertados obrigatoriamente pelos atendentes. Ou seja, um público que não condiz com o foco imposto pela Diretoria de Varejo (DIVAR) nas centrais. Ana Smolka e Alessandro Greco Garcia, o Vovô, diretores do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e funcionários do BB, lembraram que num passado recente já houve necessidade de uma prevenção de conflito na central paranaense e talvez seja o momento de outra intervenção da diretoria do banco. Já o representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Santa Catarina (Fetrafi/SC) na CEBB, Luiz Toniolo, reforçou que os funcionários das CRBBs estão submetidos a uma rotina de trabalho exigente e desgastante e sofrem cobrança excessiva de metas e que mudanças precisam ser feitas, pois nunca presenciou um nível de descontentamento tão grande. Sandra Trajano, secretária geral do Sindicato dos Bancários em Pernambuco e funcionária do BB, salientou que as reclamações de que o trabalho é desumano, com metas inalcançáveis, também acontecem em sua base e precisam ser solucionadas o quanto antes. Getúlio Maciel, representante da Federação dos Bancários no Estado de São Paulo (Fetec-SP) na CEBB, cobrou do banco melhores condições de trabalho, recomposição do quadro e valorização do papel do BB enquanto banco público, além da implementação do acordo de teletrabalho na CRBB. O coordenador da CEBB, João Fukunaga, lamentou o fato de a maioria das denúncias já terem sido “pacificadas” anteriormente. “Parece que estamos regredindo nas relações trabalhistas dentro do banco. Voltamos a debater temas que foram resolvidos há mais de dez anos”.