Caixa: vice-presidente de Tecnologia e Digital renuncia após relatório da corregedoria sobre denúncias de assédio sexual
A Caixa Econômica Federal anunciou nesta segunda-feira (17) a renúncia de Claudio Salituro, que ocupava a vice-presidência de Tecnologia e Digital. Ele é o quarto vice-presidente do banco a deixar o cargo após as denúncias de assédio que rondam o banco desde junho deste ano. “A Caixa Econômica Federal comunica (…) que o Conselho de Administração acatou o pedido de renúncia, por questões pessoais, do Sr. Claudio Salituro ao cargo de Vice-Presidente de Tecnologia e Digital”, disse o comunicado do banco sem informar o substituto. A Caixa tem 12 vice-presidências. Além de Salituro, foram trocados o vice-presidente de Negócios de Atacado, Celso Leonardo Barbosa (que era próximo ao ex-presidente Pedro Guimarães; ele também foi citado em denúncias); o vice-presidente de Logística, Antônio Carlos Ferreira; e a vice-presidente da Rede de Varejo, Camila de Freitas Aichinger. Relatório – O relatório da corregedoria da Caixa Econômica Federal sobre as denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães, tem centenas de páginas e apresentado nesta segunda (17) aos integrantes do Conselho de Administração do banco. O documento traz depoimentos das vítimas e documentos que confirmam as suspeitas. Com isso, pode ficar mais complicada a situação do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, e de outras pessoas ligadas a ele. “A Caixa também contratou um escritório de advocacia para fazer uma apuração paralela, cujos resultados já deveriam ter sido divulgados. Mas, como não houve divulgação até o momento, não sabemos se foi ou será decretado 100 anos de sigilo sobre o mesmo”, ironizou o empregado da Caixa e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro. O resultado da investigação feita pela corregedoria interna da Caixa será compartilhado com o Ministério Público Federal (MPF) e com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que também apuram as denúncias. O MPT, inclusive, já entrou com ação contra o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e pede que a Justiça o condene ao pagamento de R$ 30,5 milhões pelos danos causados às mulheres que o acusam de assédio moral e sexual. Os recursos devem ser revertidos a um fundo de proteção dos direitos dos trabalhadores. O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, lembra que assédio sexual é crime, definido no artigo 216-A do Código Penal, que prevê a pena de detenção de um a dois anos. “Se apurada e comprovada a culpa, não se pode ‘passar a mão na cabeça’ somente porque trata-se de um ex-presidente do banco. Se é culpado, deve responder na Justiça comum pelo que fez, uma vez que o assédio sexual é um crime com pena prevista no Código Penal”, disse o presidente da Fenae. “Além disso, a legislação trabalhista também prevê indenização para reparação do dano causado às vítimas”, completou. Entenda o caso – Pedro Guimarães foi acusado de assédio sexual por várias empregadas da Caixa. A informação foi divulgada no dia 28 de junho de 2022 pelo site Metrópoles. Segundo a reportagem, no fim de 2021, um grupo de empregadas, ligadas ao gabinete da presidência da Caixa, rompeu o silêncio com uma denúncia, ao Ministério Público Federal (MPF), de assédios sexuais que vinham sofrendo. Desde então, o MPF toca as investigações em sigilo. Cinco das vítimas falaram à reportagem citada sob anonimato. Nos testemunhos, elas contam que foram abusadas com toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites desrespeitosos, por parte do então presidente da entidade. A maior parte dos relatos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em todo o país. Pelo programa, desde 2019, ocorreram mais de 140 viagens, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficavam no mesmo hotel, onde ocorriam os assédios. No dia 29 de junho, Pedro Guimarães entregou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, seu pedido de demissão da presidência da Caixa.