Um levantamento realizado pelo INSS mostrou que os afastamentos do trabalho por transtornos mentais aumentaram quase 40% no Brasil, no período de um ano.
Em 2023, foram concedidos 288.865 benefícios por incapacidade relacionados a esses transtornos. Em 2022, esse número era de 209.124. Já em 2021, o índice ficou na casa de 200 mil.
Segundo a Previdência Social, são 15 as principais razões para estes afastamentos. Todas estão previstas na classificação internacional de doenças.
O transtorno misto ansioso e depressivo está no alto da lista, com mais de 28 mil casos. Ele é seguido por episódios depressivos, depressivos graves e ansiedade generalizada.
Na live, realizada na última terça-feira (23), pelo Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense, o presidente Júlio Cunha, o diretor de Saúde, Miguel Pereira e a psicóloga convidada Jaqueline Bento, alertaram sobre o alto índice de transtornos mentais que atinge a categoria bancária.
Júlio lembrou que o sindicato vem, há algum tempo, trabalhando nessa questão do adoecimento e conscientizando os bancários sobre o problema.
Miguel explicou que a saúde mental é uma pauta que, cada vez mais, vai fazer parte do dia a dia dos trabalhadores. Segundo ele, é preciso despertar nas pessoas, o interesse pelo autocuidado e autoconhecimento.
“As pessoas precisam ter a percepção do início do processo, para que procurem logo ajuda antes de chegar a uma fase completamente arrasada, extenuada, no auge da síndrome de burnout, numa depressão acentuada”, observou Miguel.
No ano passado, em sua Consulta Nacional, bancárias e bancários apontaram que vêm sofrendo com problemas como preocupação constante com o trabalho, cansaço, fadiga, desmotivação, crises de ansiedade e pânico.
Entre as causas para esses distúrbios está a cobrança excessiva de metas, muitas vezes consideradas inatingíveis.
Ainda na live, a psicóloga Jaqueline Bento falou sobre todo o processo da instalação do transtorno, desde que a pessoa é contratada, com a expectativa de um novo ciclo de vida, os desafios que precisa enfrentar e os casos de assédio, que levam ao adoecimento mental.
Segundo Jaqueline, muitas vezes a pessoa nem entrega o atestado orientando o afastamento do trabalho para tratamento por temerem a perda do emprego.
“As pessoas demoram muito tempo para procurar ajuda devido ao preconceito e à normalização do sofrimento. Existe uma visão de super homens e super mulheres. Você tem que dar conta, tem que conseguir. Você não pode ser emocionalmente fraco. Para essas pessoas, um afastamento por saúde mental é o cúmulo da fraqueza”, exemplificou a psicóloga.
A Campanha Janeiro Branco, que trata dos cuidados e prevenção da saúde mental, busca através de palestras, debates e ações alertar a população para os riscos de uma saúde mental abalada.
Mas segundo especialistas, é preciso mais investimento nas escolas e ambientes de trabalho, com a contratação de mais psicólogos e psiquiatras que possam identificar e prevenir esses transtornos.