O Ministério Público Federal (MPF) notificou o Banco do Brasil devido à abertura de um inquérito civil público. A ação é assinada por pesquisadores e historiadores e trata do envolvimento do banco no processo de escravidão, crime contra a humanidade praticado no século XIX. O banco tem até 17 de outubro para responder.
Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), disse que “o banco tem o dever de reconhecer os erros do passado. Inclusive, garantir formas de trazer mais negros e negras em seu quadro de funcionários, onde a porta de entrada, por ser um banco público, é via concurso.”
Segundo ele, “é preciso descortinar o processo de construção do Banco do Brasil, derrubando essas estátuas que marcaram o passado do banco, beneficiando economicamente várias pessoas com o processo de escravização no país, torturando e matando negros e negras.”
O Banco do Brasil emitiu nota dizendo que responderá aos questionamentos do MPF e que “como empresa que busca promover a igualdade racial (…) está à disposição do Ministério Público Federal para continuar protagonizando e envolver toda a sociedade na busca pela aceleração do processo de reparação.”
De acordo com os historiadores, a relação entre o banco e a escravidão começou com a vinda de D. João VI para o Brasil, quando parte do dinheiro da instituição vinha de taxas cobradas de embarcações usadas no tráfico de pessoas.
Os pesquisadores e historiadores dizem ainda que a concessão de títulos de nobreza, pelo governo imperial, a escravocratas e comerciantes ilegais também incentivava o comércio de pessoas, já que eles colocavam dinheiro no banco.