Bradesco: lucro alto não impede precarização de trabalho e atendimento

O fechamento de agências, demissão de funcionários e a retirada de caixas das agências são algumas das ações que vêm precarizando os serviços oferecidos pelos bancos ao público, além de reduzir o emprego para a categoria bancária. O Bradesco, segunda maior instituição privada do sistema financeiro do país, lançou no início deste ano a campanha “Sacar pra quê?”, que limita o acesso aos caixas eletrônicos. No ano passado, o lucro do Bradesco chegou a R$ 19,6 bilhões, um crescimento de 20% em relação a 2023. Porém, o banco continua com sua política de redução de postos de trabalho e precarização dos serviços. O movimento sindical vem lutando em defesa das trabalhadoras, dos trabalhadores e dos clientes e usuários do banco. Muitos desses usuários são idosos, que não têm muita afinidade com os meios digitais e precisam de atendimento em agência física. No dia 6 de maio passado, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco teve uma reunião com a direção do banco, quando foram debatidos diversos temas, como diversidade, segmentação, fechamento de unidades, emprego e condições de trabalho. A pauta, segundo a coordenadora da COE, Erica de Oliveira, tem tudo a ver com os debates feitos na Mesa de Igualdade de Oportunidades. O emprego e o encerramento de unidades de atendimento, como agências, postos avançados (PAs) e unidades de negócios são as maiores preocupações da COE. Segundo os representantes dos trabalhadores, existem municípios em que o Bradesco não mantém mais nenhum ponto de atendimento, dificultando o acesso da população aos serviços bancários. A explicação apresentada pelo banco é que a instituição passa por um processo de recuperação e redimensionamento de estruturas, impulsionado pela evolução tecnológica. De acordo com o banco, apenas 2% das transações são realizadas de forma presencial. O banco garantiu que não abandonou os clientes de menor renda, mas que o modelo de atendimento está em constante transformação. Reestruturação Durante a reunião, a reestruturação do atendimento foi detalhada pelo banco, com a divisão de clientes pessoa física, em quatro faixas: Massificado:• clientes com renda mensal de até R$ 8 mil;• Prime: renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 25 mil ou investimentos entre R$ 50 mil e R$ 300 mil;• Principal: renda mensal acima de R$ 25 mil ou investimentos a partir de R$ 300 mil;• Private: valores superiores aos atendidos no segmento Principal.De acordo com o banco, essa segmentação vai gerar 3.200 novas vagas no Principal, sendo 2 mil destinadas a cargos de gerência, e 600 novos postos de trabalho no Massificado. Uso de canais digitais A campanha de incentivo ao uso de canais digitais foi questionada pela COE, que denunciou ainda que, em algumas localidades, gestores estariam deixando caixas eletrônicos (BDNs) indisponíveis, atrasando o conserto dos equipamentos, deixando-os artificialmente inoperantes.O banco explicou que a campanha é de sensibilização e que não há impedimento de saque em espécie. Segundo o banco, a queda no uso dos caixas se deve ao aumento do uso do Pix. Mas que vai revisar os casos relatados.Preocupação com emprego A COE também cobrou reajuste no valor do km rodado aos gerentes em visita, além de pedir esclarecimentos sobre a postura do banco mediante nova modalidade de empréstimo consignado com garantia do FGTS, lançada pelo governo federal. Outra questão levantada pela COE foi a ausência de registro de ponto para os gerentes de relacionamento Empresas, conhecidos como “gerentes alto valor”. A defesa do emprego é prioridade para o movimento sindical, como frisou a coordenadora da COE, Erica de Oliveira: “Todos os pontos debatidos são muito importantes. O movimento sindical no Brasil inteiro está muito preocupado com o fechamento de locais de trabalho e isso não pode se refletir no emprego dos bancários. Esta é a nossa preocupação número 1. O bom atendimento se faz com bancários e a gente vai insistir nisso”. *Fonte: Com informações da Contraf-CUT
Banco do Brasil registra lucro de R$ 7,3 bi no primeiro trimestre

O lucro líquido ajustado do Banco do Brasil, no primeiro trimestre deste ano, foi de R$ 7,3 bilhões, o que representa uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa do mercado era que o lucro chegasse aos R$ 9 bilhões. Entre os grandes bancos, o BB foi o único a apresentar redução de ganhos nos três primeiros meses de 2025. De acordo com o banco, o resultado deve-se à piora da inadimplência do agro e à nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.966/2021, que obriga os bancos a alinharem as práticas contábeis e de gestão de riscos aos padrões internacionais. O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) também caiu 498 pontos-base (bps), encerrando o trimestre a 16,7%. *Fonte: Seeb Rio*Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil