Em reunião, empregados da Caixa reivindicam negociações efetivas
Durante reunião do GT de Condições de Trabalho, a representação dos empregados da Caixa Econômica Federal cobrou maior celeridade e soluções efetivas do banco. A reunião aconteceu na última terça-feira (18). “Esta é a quarta reunião deste grupo de trabalho. Tivemos avanços em alguns temas, mas os casos prioritários, como a situação da saúde psíquica dos empregados, continuam sem sequer serem tratados nas reuniões”, observou a coordenadora do GT e da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt. A coordenadora ressaltou que os representantes sindicais são cobrados em suas bases. “Os trabalhadores querem que sejam dadas soluções para o fim das cobranças abusivas pelo cumprimento de metas, que os levam ao adoecimento”, disse. Fabiana lembrou que a cobrança por números de casos de empregados afastados para o tratamento doenças psíquicas, com o objetivo de acabar com a origem destes problemas, foi o que gerou a criação do GT. “Mas a Caixa não trata deste tema. Esta fuga da discussão e o não fornecimento de informações faz parecer que o número é assustador e, por isso, a Caixa não quer tratar do assunto”, completou a coordenadora. Gestão pelo medo A afirmação do banco de que a gestão pelo medo acabou na Caixa também foi questionada pela representação dos empregados durante a reunião. “O banco alardeia que a gestão pelo medo na Caixa acabou. Este pode ser um desejo da nova gestão, mas, efetivamente, não é verdade. Temos avanços sim, mas não o suficiente para acabar com as cobranças abusivas de metas”, disse a coordenadora da CEE. Mesa de negociações Apesar de reforçar a importância dos GTs sobre temas específicos, Fabiana lembrou que existem muitos outros que precisam ser tratados na mesa de negociações entre o banco e a comissão de representação dos empregados. “Existem temas que devem ser tratados em mesa de negociações. E, mesmo em casos específicos, quando o debate não andar nos GTs, também queremos tratar sobre eles em mesa de negociações e, se for necessário, buscarmos a solução em outras instâncias. O que não pode é o empregado ficar sofrendo e o banco não nos apresentar nenhuma solução, nem informações que nos permitam ajudar a encontrá-la”, disse, ressaltando que é preciso debater o plano de funções gratificadas (PFG) e os desdobramentos de encarreiramento na mesa de negociações, assim como o teletrabalho e a Funcef (Fundação dos Economiários Federais – o plano de previdência dos empregados Caixa). Entre as cobranças feitas durante a reunião estão a contratação de mais empregados para sanar o problema de sobrecarga; atas das reuniões do GT; Universidade Caixa precisa chegar realmente às unidades e ser acessível, com tempo disponível para estudo durante o expediente e cursos presenciais; solução para problemas de sistemas e equipamentos obsoletos; calendário para mesas de negociações; negociação sobre o Saúde Caixa; e retirada do “Fique bem” do “Conquiste”. Informações e cobranças A Caixa apresentou informações sobre o acesso remoto ao sistema interno, sobre a “trilha de saúde” e sobre Pessoas com Deficiência (PCDs) empregadas pelo banco, que atingiu os 5% obrigatórios por lei. Segundo o banco, dos 86.473 empregados, 5,01% (4.329) são PCDs. “Nossa atuação foi fundamental para que o banco cumprisse a meta de 5% de empregados PCDs. Também tivemos importantes avanços no acesso remoto para empregados e até dirigentes sindicais. Mas, mesmo nestes avanços ainda restam questões a serem resolvidas”, disse Fabiana. Segundo a representação dos empregados, muitas vezes, mudanças no sistema não funcionam devido à qualidade dos equipamentos, que travam e há queda do sistema; gestores dividem metade da atuação do teletrabalho em home office e a outra presencial, para evitar o pagamento do adicional estipulado na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria; a falta de prioridade para PCDs e pais de PCDs e crianças com até seis anos de idade para o teletrabalho, conforme definido no artigo 75-F da CLT, bem como a não redução da jornada para este grupo. *Fonte: Contraf-CUT
Segundo estudo, problemas de saúde mental crescem como fator de desligamento entre bancários
De acordo com estimativas da OIT/OMS, as doenças relacionadas ao trabalho foram responsáveis por quase 2 milhões de mortes por ano, no mundo inteiro, entre 2000 e 2016, provocadas principalmente por doenças respiratórias e cardiovasculares. As informações fazem parte da reportagem publicada pela Rede Brasil Atual e assinada por Vivian Machado, técnica do Dieese, na Subseção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT),. Segundo o estudo, jornadas menores de trabalho podem reduzir número de mortes, melhorando o equilíbrio entre suas vidas pessoal e profissional, com redução do estresse e de algumas síndromes ocupacionais, como a Síndrome de Burnout. É preciso ter mais tempo disponível para outras atividades, como lazer e descanso, e tempo para cuidar da saúde física e mental. No setor bancário, devido ao número crescente de afastamentos por doenças ocupacionais, representantes da categoria iniciaram, em 2022, uma discussão com os bancos sobre a possibilidade de redução de jornada para esses trabalhadores já adoecidos pelas condições de trabalho. A íntegra desse estudo compõe a 26ª Carta de Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), disponível em: www.uscs.edu.br/noticias/cartasconjuscs. Com os investimentos em tecnologia e o acelerado processo de digitalização das transações, os postos bancários no país diminuem significativamente desde 2013, assim como o número de agências bancárias. A pressão sofrida pelos trabalhadores que permanecem no setor faz adoecer física e mentalmente muitos deles, levando-os a se afastarem do trabalho. Entre 2013 e 2020, foram registrados 20.192 afastamentos de bancários, com alta de 26,2% entre 2015 e 2020, 1,7 vez acima do crescimento dos afastamentos em geral registrados no país (de 15,4% no período). Até 2012, as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo eram a principal causa de afastamento de bancários, correspondendo a mais de um quarto dos benefícios concedidos pelo INSS no período. Porém, desde 2013, os transtornos mentais e comportamentais tornaram-se a principal causa dos afastamentos na categoria. Um quadro que se agrava ano após ano, chegando a 40% dos benefícios por incapacidade temporária previdenciários e a 57% dos benefícios por incapacidade temporária acidentários, em 2022. No país, em relação ao total dos afastamentos acidentários por doenças mentais e comportamentais, os afastamentos de bancários correspondiam a 12% do total em 2012 e a 25%, em 2022. Pandemia O relatório da OIT/OMS ressalta que a carga de doenças relacionadas ao trabalho, muito provavelmente, seja substancialmente maior, tendo em vista que, futuramente, deva ser quantificada a perda de saúde relacionada a diversos outros fatores de risco ocupacionais, como as sequelas deixadas pela Covid-19. Durante a pandemia, observou-se crescimento do fechamento de postos de trabalho de bancários por morte, que cresceu 73% em 2021, chegando a 575 desligamentos, em grande parte, por conta de síndromes respiratórias ou Covid-19, muito provavelmente. Após a pandemia, observou-se um novo fenômeno no mercado de trabalho, com um crescente número de desligamentos a pedido, ainda que a situação econômica do país ou mesmo do mercado de trabalho não fosse das melhores, com elevados índices de inflação, desemprego e subocupação. O percentual de desligamentos a pedido no total de desligamentos na categoria bancária foi ainda mais significativo, superando a média nacional nos últimos anos, chegando a quase metade dos desligamentos em 2022 (43,4% do total), enquanto no país o percentual dos desligamentos a pedido foi de 33,4%. Segundo a reportagem, todos esses dados demonstram que há problemas sérios na cultura organizacional dos bancos. Uma gestão cada vez mais competitiva que adoece muitos trabalhadores. Um setor que deveria atender aos interesses da população, mas fecha agências e postos de trabalho, “empurrando” seu público para o atendimento digital. *Fonte: Rede Brasil Atual