Definição de plano de lutas encerra 32º CNFBB
Debates sobre a Caixa de Assistência dos funcionários (Cassi) específicos, sobre saúde e outro sobre previdência foram os destaques do evento Os funcionários do Banco do Brasil aprovaram o plano de atuação em defesa do banco e de seus direitos no encerramento do seu 32º Congresso Nacional, realizado neste domingo (8). Realização de seminários sobre a Caixa de Assistência dos funcionários (Cassi) específicos sobre saúde e outro sobre previdência estão entre os destaques. Mas, também as resoluções sobre a unidade dos empregados na defesa do BB e dos demais bancos e empresas públicas, que estão sob ataque do governo Bolsonaro. “Trata-se de um governo que não tem compromisso com os trabalhadores e quer acabar com o patrimônio do país”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Por isso, também foi muito importante a aprovação da resolução pela mobilização e participação nas atividades do Dia Nacional de Luta e Paralisações contra a PEC 32, que, com a desculpa de promover uma ‘reorganização’ da administração pública, ataca os funcionários públicos e seus direitos e prejudica o oferecimento de serviços públicos à população brasileira”, completou. O Dia Nacional de Luta será no próximo dia 18. Correios A secretária de Juventude e representante da Contraf-CUT na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes, destacou também a moção em defesa da luta contra a privatização dos Correios. “Não apenas o Banco do Brasil, mas os demais bancos e as empresas públicas estão sob ataque. Um exemplo é a aprovação da privatização dos Correios nesta semana na Câmara dos Deputados”, ressaltou Fernanda. Saúde e previdência O CEBB, João Fukunaga, ressaltou a importância da aprovação sobre a realização de seminários sobre saúde e previdência. “É importante refletirmos sobre a Cassi e os plano de saúde e de previdência dos funcionários, que são muito afetados pelos ataques que estão sendo promovidos pelo governo federal, mas também pelas resoluções 23 e 25 da CGPAR (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União)”, destacou. “Agora, é mobilizar os funcionários para a luta da categoria”, concluiu. Fonte: Contraf-CUT
O BB que queremos para o futuro do Brasil
Terceiro painel fecha os debates do 32º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) O terceiro painel do 32º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), realizado na tarde deste domingo (8), os palestrantes contribuíram com as reflexões sobre “O BB que queremos para o futuro do Brasil”. Para o ex-funcionário do Banco do Brasil e ex-dirigente sindical do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Carlos Augusto Vidotto, o que de mais genérico vale para todo mundo, não apenas para o Brasil e nem apenas para o Brasil, é que, para qualquer pais, é importante não haver desindustrialização para que não haja perdas de postos de trabalho e da capacidade de produção. “Em termos mais próximos, uma coisa geral do capitalismo é a questão do open banking, que está sendo levado à estrutura do mercado financeiro. Ele materializa o que seria a grande ameaça aos empregos, em particular ao emprego bancário”, disse. “Mas, ninguém pode morrer de véspera. Não podemos baixar as armas e deixar de lutar para tentar deter os impactos da tecnologia sobre os empregos”, completou. Segundo Vidotto, uma das propostas é trabalhar com uma ampla aliança municipalista. “Temos que defender a existência de uma agência bancária em cada município. Isso atende a demanda de diferentes segmentos da sociedade e de linhas políticas, nos dá a possibilidade de, se não determos o processo, podemos atenuar os efeitos da tecnologia sobre o fechamento de agência e de fechamento de postos de trabalho”. Mas, para ele, há outras mediações importes a serem pensadas na defesa do Banco do Brasil. “Ele tem que ser pensado no conjunto dos bancos públicos federais, como ferramentas do desenvolvimento, sob a orientação de uma dada política econômica”, propôs. Vidotto defendeu ainda a necessidade de considerar o perfil do BB como uma estatal de lógica financeira, por um lado, e de logica pública do outro. E, dentro disto, é preciso considerar os três modelos históricos do banco. “Há três modelos históricos verificados. O do governo FHC, que podemos chamar de neoliberal mitigado, caracterizado pela lógica privada na direção do banco, mantendo as estratégicas da política econômica. O outro é o do Bolsonaro, que podemos chamar de neoliberal hard, que aponta diretamente para a retirado do Estado do mercado financeiro. Por fim, temos o modelo social-desenvolvimentista de Lula e Dilma, que usou o BB como parte da política de desenvolvimento”. Vidotto explicou que no modelo de FHC não se excluía o Estado em uma atuação no mercado financeiro e nem tinha essa estratégia. Um modelo que reconhece a existência das duas faces. O que diferencia o modelo de FHC do desenvolvimentista é que o primeiro coloca a face privada como determinante. Com Lula e Dilma, a face privada é uma condicionante, mas não determinante. De acordo com ele, ao pensarmos o BB do futuro devemos evitar atribuir ao BB a capacidade de extrapolar as políticas econômicas. Por outro lado, além de trabalhar na agricultura e MPE, temos que mostrar a contribuição do BB na retomada econômica e criar as condições para, após 2022, dialogar com o maior número de setores. “A capacidade dos bancos públicos federais e do BB de tomar medidas que possam estimular a retomada econômica não pode ser subestimado”, disse. Mudanças sociais “Não conseguimos fazer as mudanças somente dentro do banco, tem que ser mudanças sociais”, resumiu Debora Fonseca, conselheira de Administração do Banco do Brasil eleita pelos funcionários. Para ela, o comportamento do governo Bolsonaro exclui completamente o lado social e que não leva em conta o papel do estado nas políticas de desenvolvimento. Débora Fonseca descreveu o comportamento de presidentes do banco durante o governo Bolsonaro. “Antes de tudo, foram mudanças que trazem uma bagunça dentro do banco, o que o enfraquece. Passa uma imagem de fragilidade. Isso para que a população tenha uma visão ruim do banco e das outras empresas públicas. A intenção é fazer esse ataque para que a população se sinta desatendida”, analisou a conselheira. Na sua visão, o primeiro presidente do banco, Rubens Novaes, entra com a proposta de privatização, colocando empresa subsidiárias à venda. André Brandão, o segundo presidente, coloca uma restruturação dentro do banco que, para Debora, já estava escrita antes. “As mudanças tecnológicas são irreversíveis. O que temos que discutir é um modelo em que a tecnologia esteja a favor dos funcionários e da sociedade, para atender as pessoas de forma mais humana, para crescer mais o banco. Não se deve colocar a tecnologia como substituto das pessoas”, afirmou a conselheira. Outro ponto destacado por Debora foi que não existe mais a mesma atenção para o financiamento da agricultura familiar, o que geram um impacto na inflação dos alimentos, já que é a agricultura familiar a responsável por 70% dos alimentos fornecidos para o mercado interno. “O governo coloca recursos para o agronegócio”, diz. Para Débora, o futuro do Banco do Brasil passa pela contratação de maior número de funcionários, utilização da tecnologia em prol das pessoas e nas linhas de crédito que reflitam o crescimento e desenvolvimento social. Fora Bolsonaro para termos o Brasil que queremos Juliana Donato, ex-conselheira de Administração do Banco do Brasil eleita pelos funcionários e membro da coordenação da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, foi a terceira convidada da mesa “O BB que queremos para o futuro do Brasil.” “Por tudo que a gente viveu nos últimos anos e tudo que ouvimos neste congresso, acho que é evidente que temos um processo em aprofundamento da transformação do banco do Brasil em banco privado. As transformações que a gente sofre no Banco do Brasil são parte de um processo geral, de ataques aos direitos, ao patrimônio público, a vida dos brasileiros e que a luta em defesa do banco do Brasil como banco público de forma alguma pode estar separada da luta contra o Bolsonaro, contra o fascismo, por um outro projeto de país”, afirmou Juliana. “Eu quero apresentar algumas ideias em relação ao projeto de banco público e ao
Congresso mostra “Retrato do Banco do Brasil nos últimos anos”
Com informações do balanço e histórico de atuação do banco, reflexões ajudam pensarmos o Banco do Brasil que queremos A segunda mesa de debates do 27º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil tratou do “Retrato do Banco do Brasil nos últimos anos”, com a participação do ex-gerente de Soluções do Banco do Brasil, de Jean Moreira Rodrigues, e da economista Nádia Vieira de Souza, do Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Jean Rodrigues abordou a discussão falando sobre as transformações na economia e nos modelos de negócio e como o Banco do Brasil se comportou no decorrer dessas mudanças. Inicialmente ele destacou que as transformações na economia mundial se caracterizam pela volatilidade, incerteza, complexidade, e ambiguidade dos cenários. “Ninguém imaginava a pandemia, por exemplo. Você não consegue fazer mais previsão. Antes, se faziam previsões para cinco ou dez anos. Isso não acontece mais. As novas tecnologias transformaram e pautaram os modelos de negócios. Isso impacta as economias e a própria indústria financeira”, pontuou. Jean Rodrigues ressaltou que a criação do Banco do Brasil aconteceu a partir de modelos de séculos atrás. Empresas e pessoas cada vez mais ficam menos equipados para compreender esse crescimento exponencial em que vivemos. Por outro lado, Jean destacou que o sistema bancário brasileiro é altamente concentrado, detém 77% dos ativos totais e 79% dos depósitos totais. “Isso faz com que o Banco Central regule essa concorrência baixa adotando uma série de medidas para promover maior competição no sistema bancário. São fintechs, é o PIX, o open banking, pagamentos e transferência de fundos em real-time”, exemplificou. Para acompanhar as mudanças, Jean afirmou que os bancos investem muito em tecnologia e um dos efeitos é a redução do número de agências. “Isso tem produzido impactos nas economias locais, mas também afeta o emprego bancário”, observou. Entre as décadas de 1930 e 1980, lembrou Jean, o Estado brasileiro promoveu o processo de industrialização com os bancos públicos. “A inciativa privada não teve interesse no passado e no presente esse interesse também é muito pouco”, observou. Jean Rodrigues destacou que a mudança no Banco do Brasil ocorreu a partir de 2016. “O banco nunca deixou de buscar a rentabilidade. Mas, até 2015, além do foco na rentabilidade, também tinha um foco muito grande no desenvolvimento do país. A partir de 2016, o governo Temer começou a fazer a mudança. O foco passou a ser mais a rentabilidade em si com uma insistência para buscar rentabilidade compatível com bancos privados. O Banco do Brasil deixa de ter papel de fomento da economia brasileira, que justifique a sua manutenção como uma empresa pública”, conclui. Balanço A economista do Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou dados do balanço do Banco do Brasil no 1º semestre de 2021. O banco obteve lucro líquido ajustado de quase R$ 10 bilhões no 1º semestre de 2021, crescimento de 48,4% em relação ao mesmo período de 2020. No 2º trimestre, o lucro foi de R$ 5 bilhões, aumento de 52,2% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Em um ano, o banco fechou 6.956 postos de trabalho e, do primeiro para o segundo semestre de 2021, essa redução de pessoal se acentuou ainda mais. Somente neste segundo trimestre, no escopo do Programa de Adequação de Quadros (PAQ) e do Programa de Desligamento Extraordinário (PDE), o banco reduziu seu quadro de pessoal em 2.358 funcionários. Além disso, em 12 meses, foram fechadas 390 agências e 33 postos de atendimento bancário e o número de clientes aumentou em 2,9 milhões. As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias alcançaram R$ 14,1 bilhões no ano, enquanto as despesas com pessoal, incluindo o pagamento da PLR, somou R$ 12 bilhões no período. Ou seja, somente com a receita de tarifas e serviços bancários, que representa uma parte ínfima de toda a arrecadação do banco, é possível cobrir todas as despesas com funcionários e ainda sobram 17,4% do valor. Fonte: Contraf-CUT