De acordo com o balanço do terceiro trimestre, o Santander alcançou lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões nos nove primeiros meses deste ano. Houve queda de 36% em relação ao mesmo período de 2022, e crescimento de 18,2% no trimestre.
O lucro líquido recorrente no terceiro trimestre foi de R$ 2,7 bilhões, frente aos R$ 2,3 bilhões do trimestre anterior. A apuração pelo lucro líquido recorrente exclui efeitos extraordinários.
O balanço aponta ainda que a rentabilidade (retorno sobre o patrimônio do banco – ROE) foi de 13,1%, o que representou uma baixa de 7,4 pontos percentuais (p.p.) em 12 meses. No Brasil, até setembro de 2023, o lucro do banco representou 17,5% do lucro global, que foi de € 8,143 bilhões, com alta de 11,3% em 12 meses.
Segundo a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Wanessa de Queiroz, o lucro poderia ter sido maior.
“A primeira observação é que o banco teve um lucro altíssimo de R$ 7,2 bilhões em nove meses. E esse lucro poderia ser ainda maior, mas o banco, mesmo com uma taxa de inadimplência de apenas 3% e em queda, optou por aumentar a provisão para créditos de liquidação duvidosa, a chamada PDD. E isso impacta negativamente no resultado”, explicou Wanessa.
Quanto à criação de empregos, Wanessa criticou o balanço. Segundo dados apresentados pelo Santander, a holding encerrou o terceiro trimestre com 55.739 empregados, 4.525 postos de trabalho a mais do que tinha no final de setembro de 2022 e 568 a mais do que tinha em julho deste ano.
Wanessa explicou que estes números são referentes ao grupo Santander, “incluindo bancários que trabalham nas outras empresas do grupo, que o banco insiste em falar que não são bancários. Mas, na hora do balanço, para dizer que está criando novas vagas, estes trabalhadores são incluídos no total. O banco deveria divulgar quem ele considera bancário separado de quem ele não considera bancário”.
“Estes trabalhadores são precarizados e a Justiça vem dando decisões contra as terceirizações ilegais promovidas pelo Santander”, observou a coordenadora.
Tudo pelo lucro
A secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, que também é bancária do Santander, lamenta que o banco continue demitindo os trabalhadores, apesar o lucro altíssimo.
“Não podemos aceitar que o Santander coloque sua ganância por lucros cada vez maiores em prejuízo dos trabalhadores, que estão sobrecarregados e adoecidos devido à cobrança abusiva de metas inatingíveis que são impostas pelo banco”, disse Rita.
A dirigente ressaltou que os avanços tecnológicos não podem ser usados apenas em benefício do banco, precisam também favorecer os trabalhadores e a sociedade.
“Precisa haver uma contrapartida social das empresas, e neste caso do Santander, para a manutenção do emprego e da economia. A solução passa pela redução da jornada de trabalho, pela semana de quatro dias, enfim, o trabalhador e a sociedade também têm que usufruir dos benefícios dos avanços tecnológicos. Eles não podem ser apropriados apenas pelos donos do capital”, afirmou.
Segundo Rita, “o Santander, ao invés de melhorar as condições de trabalho e valorizar seus funcionários, caminha no sentido contrário. Demite seus funcionários e os recontrata de forma terceirizada em outras empresas de sua holding, para poder pagar salários menores e reduzir os direitos que são garantidos pela CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria bancária”.
Veja, abaixo, a tabela do Santander, referente ao terceiro trimestre de 2023: