Pesquisa: Brasil está entre os países com mais trabalhadores estressados na América Latina

No Brasil, 46% dos trabalhadores estão estressados, 25% tristes e 18% com raiva. Os dados são da pesquisa State of The Global Workplace e colocam o país em 4º lugar, na América Latina, em sentimentos de raiva e tristeza, e em sétimo lugar em estresse na região.

A pesquisa foi realizada pela consultoria especializada em análise comportamental no Trabalho, Gallup, com 128 mil funcionários e funcionárias em mais de 160 países.

A consultoria revela ainda que as nações europeias registraram o segundo percentual mais baixo de trabalhadores que vivenciam “tristeza diária” (17%) e que a região mantém fortes proteções laborais.

“Na perspectiva do capitalismo, que globaliza as desigualdades e concentra as riquezas e os benefícios nas regiões centrais, podemos identificar que as grandes corporações, sobretudo as estrangeiras, reduzem jornadas, ampliam salários e benefícios onde têm sede e, nos demais países, aplicam o exato oposto. Por isso a importância das negociações coletivas, que têm origem na Organização Internacional do Trabalho (OIT), e que, por meio de sindicatos fortes, possibilita reduzir as desigualdades entre patrões e empregados”, avalia Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.

Categoria bancária

O combate a todo o tipo de assédio e violência no ambiente laboral e a redução da jornada semanal para quatro dias faz parte das lutas do movimento sindical bancário, no Brasil.

Em 2023, a “Pesquisa Nacional da Contraf-CUT: modelos de gestão e patologias do trabalho bancário” mostrou que 76,5% relataram terem tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho, no último ano; 40,2% que estavam em acompanhamento psiquiátrico no momento da pesquisa; e 54,5% indicaram o trabalho como principal motivo para buscar tratamento médico.

A pesquisa foi feita em parceria com o Instituto de Pesquisa e Estudos sobre Trabalho, da Universidade de Brasília (UnB), entre cerca de 5.800 bancárias e bancários.

O documento apontou, ainda, que cerca de 80% declararam pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano e, desses, quase metade seguia em tratamento psiquiátrico.

Já neste ano, a Consulta Nacional dos Bancários 2024, realizada com 46.824 trabalhadoras e trabalhadores do setor em todo o país, revelou, em pergunta de múltipla escolha, que 67% sofriam com preocupação constante com o trabalho; 60% cansaço e fadiga; 53% com desmotivação e vontade de não ir trabalhar; e 47% com crises de ansiedade e/ou pânico.

“Nossas pesquisas e estudos apontam que a implementação de metas abusivas está atrelada aos casos de adoecimento entre nossos colegas. Por isso, avaliamos que os dados alarmantes apresentados pela Gallup também podem estar ligados a modelos de gestão que adoecem”, ressalta o secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles.

Nas mesas de negociação deste ano, para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para o biênio setembro de 2024 – agosto de 2026, o debate entre a saúde e as condições de trabalho foi um dos temas de maior embate entre a categoria e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

A categoria obteve um importante avanço com a inclusão do termo “assédio moral” no documento.

Na nova CCT 2024-2026, o tema ganha um capítulo chamado “Combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho”, que, entre as cláusulas, determina que os bancos disponibilizem “canal de apoio para questões relacionadas ao acolhimento” de vítimas, com prazo máximo de até 90 dias para o encaminhamento das denúncias.

“Para conseguir esses avanços, foi necessário levar para as mesas os resultados da Consulta, pesquisas, depoimentos de bancárias e bancárias e informações da própria Organização Mundial de Saúde”, afirma Juvandia Moreira.

Sobre a pesquisa Gallup

Segundo o relatório, os resultados deste ano são os piores desde que a Gallup começou a fazer o levantamento.

Raiva

Neste quesito, o Brasil está em quarto lugar na América Latina, ficando atrás de Bolívia (25%), Jamaica (24%) e Peru (19%). Em última colocação ficam Uruguai (9%) e México (7%).

Tristeza

O Brasil também ocupa a quarta colocação, tendo a Bolívia na liderança (32%), seguida de El Salvador (26%) e Jamaica (26%). Paraguai (34%) e Panamá (15%) são os últimos colocados.

Estresse

Bolívia (55%), República Dominicana (51%), Costa Rica (51%), Equador (50%), El Salvador (50%) e Peru (48%) estão nas seis primeiras posições, respectivamente. Em último aparecem Jamaica (35%) e Paraguai (34%).

*Fonte: Contraf-CUT

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