O impacto do home office sobre a vida das bancárias foi tema de live promovida pelo Sindicato

Evento foi mais uma atividade realizada em alusão ao Dia Internacional da Mulher

Dando sequência às atividades de comemoração ao 08 de Março, Dia Internacional das Mulheres, a diretoria do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense promoveu na noite desta quarta-feira (10), reunião online com as psicólogas clínicas e militantes feministas Luanna Simas Velloso e Adriana Moraes Schoenacher. No evento, foi realizada uma breve análise da situação do trabalho das bancárias desenvolvido em sistema home office em função da pandemia do coronavírus e seus prováveis efeitos às condições de trabalho e de saúde das trabalhadoras.

Um dos primeiros pontos observados e destacados foi a necessidade de olhar a situação sobre uma perspectiva diferente. De que deve haver realmente esse “estranhamento” das novas condições do trabalho e não aceitas como frutos de uma nova normalidade.

– O ambiente doméstico foi transformado em local de trabalho, alterando sobremaneira as relações familiares e a utilização desse espaço. Tendo as condições objetivas para isso ou não. Estamos diante de um cenário que tentamos controlar ou gerenciar o inadministrável. Não é normal e tampouco natural esse cotidiano e como tal, é assim que deve ser visto. Se olharmos a situação sobre esta ótica, a tendência é diminuir esta realidade como novas causas de aumento do estresse e tensionamentos, ocasionando mais adoecimentos e o aumento das violências domésticas – observaram.

Durante a atividade uma série de situações e exemplos foi lembrada, como por exemplo, a dificuldade para as mulheres num momento de ameaça à vida e de luto, conciliar a agenda e rotina profissional com a educação dos filhos, que estão com aulas online, os afazeres domésticos, cuidados com alimentação e higiene permanentes com a família e o marido. “Tudo ao mesmo tempo, no mesmo espaço físico e geralmente inadequado, adaptado de improviso. E se nesses espaços houver crianças pequenas, cachorros, papagaios, aí que a coisa complica mesmo, afinal esse é um lar”, ressaltou Luanna Simas.

Também foi salientado o caso noticiado recentemente pela mídia, envolvendo uma trabalhadora que foi demitida por seu empregador porque durante uma live seu bebê chorou. Uma completa desumanidade.

Apesar daquele certo romantismo que já houve em torno da questão do tele-trabalho, porque evitariam longos deslocamentos e perda de tempo no trânsito, pouco a pouco as fichas estão caindo. “Tanto que o relato que temos recebido no Sindicato é que a sensação dos trabalhadores é que agora também dormem no trabalho por conta das interferências das rotinas de trabalho com a vida pessoal. O lar que era o local de descanso e refúgio, interações familiares, deixou de cumprir este papel. E não é à toa também que temos assistidos a uma explosão de casos de Síndrome de Burnout , doença caracterizada por graves sintomas de exaustão, física e emocional, Borderline, instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidades na autoimagem, flutuações de humor e impulsividade, quadros de depressão, e diversas outras síndromes psicológicas”, disse o diretor Sindical  Miguel, da Secretaria de Promoção Social.

Uma das bancárias que participou da transmissão simultânea disse da importância da atividade, justamente para ficar claro que o normal não é aceitar essa situação e os adoecimentos não podem ser naturalizados, como se fossem questões ligadas às características pessoais ou ao fato de serem mulheres. E sim a toda sobrecarga e novas situações de estresse. “Foi muito importante perceber que o tema está sendo tratado e o Sindicato se abre como um espaço para o acolhimento das bancárias nessas situações”

Ainda foi ponderado que se na agência bancária, ambiente que em tese estava estruturada para desempenho das funções, uma série de situações incontroláveis já ocorria, com a pandemia surgiram as dificuldades oriundas do trabalho de casa, muitas vezes sem acesso a todos os sistemas e dependendo da interação de outras áreas do banco, sem sucesso, gerando retrabalho ou inconsistências. E tudo sob controle da empresa, lives cobrando a produção por diversas vezes.

Isso requer um outro tipo de atuação sindical. Muito mais difícil porque ocorre dentro das residências. O trabalho bancário já era basicamente baseado no atingimento de metas individuais, que acirrava a disputa e a concorrência entre os colegas de trabalho, e reforçava a figura do assédio moral. Isso já provocava certo isolamento e individualização nos ambientes das empresas. Agora, nessas condições, ou melhor, falta de condições adequadas de trabalho o sofrimento e adoecimentos psíquicos tendem a prosperar, constatam os dirigentes sindicais.

Finalizando a live, as orientações das psicólogas, tanto para as bancárias, como ao Sindicato, foi para buscar a coletivização do fenômeno, fugindo do olhar “individual” da questão, seguindo em tese o ditado popular: ‘se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Mas se enfrentar coletivamente, o bicho foge’.

Nesse sentido, além do atendimento clínico dos casos, as psicólogas Adriana e Luanna buscam organizar rodas de conversas, simpósios e congressos com as interessadas para tratar dessas questões.

O diretor presidente do Sindicato, Júlio Cunha, disse que as bancárias não podem se sentir sozinhas, isoladas e devem buscar por ajuda. “Isso sim, deve ser o novo normal”, concluiu.

ATENDIMENTOS

As psicólogas Adriana e Luanna frente à realidade da pandemia organizam rodas de conversas, simpósios e congressos com as interessadas para tratar das questões que permeiam a realidade do País. Elas criaram uma proposta de atendimento denominada de Polinize-se (www.polinizese.com.br). Polinizar é fecundar a vida. Polinize-se foi pensado como um convite a fertilizar e germinar um viver fluido.

Ambas as psicólogas atualmente oferecem atendimento clínico presencial e online, em consultório particular no Rio de Janeiro, se dedicam a construir e ocupar espaços coletivos de reflexões sobre a vida, seu sentido e propósito, explorando os afetos enquanto molduras da experiência.

Também participam de Coletivos de representatividade e desenvolvem um trabalho em redes. Entendem que cuidar da saúde mental é condição para estar em harmonia consigo mesmo e estar no mundo de forma fluida, autêntica, respeitosa e presente. Cada um (a) a seu tempo, cada um (a) a seu modo. Essa forma de trabalho é uma filosofia de atenção à saúde psicológica que nos parece muito adequada.

À partir dessa atividade realizada, que foi muito emocionante em vários momentos, porque estamos falando “de pessoas”, a Diretoria do Sindicato assumiu o compromisso de estudar e desenvolver em conjunto com as psicólogas, possibilidades de cuidar dessa pauta tão complexa, que chegou pra ficar.

Fonte: Sind. Bancários Sul Fluminense

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