Congresso ressalta impactos da IA na Caixa

O 39º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), que começou na última terça-feira (4) e termina nesta quinta-feira (6), levou ao debate temas relevantes não só para a campanha salarial, como também a importância dos bancos públicos.

No primeiro dia de debates, Eliana Brasil, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, destacou a importância de mobilizar os empregados do banco público para eleger representantes da classe trabalhadora no legislativo.

Já o jornalista Luís Nassif, fundador do jornal GGN, abordou a financeirização da economia brasileira, criticando a captura do Banco Central pelo mercado, a privatização selvagem e a competição exacerbada.

Nassif ressaltou a importância das instituições como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, para promover arranjos produtivos locais.

Inteligência Artificial

“Os impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho” foi um dos temas marcantes na segunda mesa de debates da quarta-Feira (5), que contou com a participação da economista Vivian Machado, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e do pesquisador e doutor em Microbiologia, Átila Iamarino.

A economista relacionou a inteligência artificial (IA) no atual contexto tecnológico, com o sistema financeiro e o mercado de trabalho. Vivian explicou que as tecnologias de IA são classificadas por sua capacidade de imitar características humanas como inteligência artificial estreita; geral e superinteligência artificial.

O pesquisador Átila Iamarino explicou que as IAs disponíveis no mercado atualmente não têm capacidade de substituir o trabalho humano. Entretanto, deixou os delegados apreensivos ao afirmar que “essas tecnologias já estão sendo aplicadas em ambientes corporativos para monitorar a produtividade e as dinâmicas laborais, sendo vendidas como formas de aumentar os lucros para os acionistas, explorando ainda mais o trabalho.”

Nos bancos

Dados da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) mostram que 96% dos bancos utilizam tecnologias de inteligência artificial e 54% utilizam genIA, que é a inteligência artificial generativa, usada para criar textos, imagens, músicas, áudios e vídeos.

Segundo informações apresentadas por Vivian, o setor bancário é líder em investimento privado em tecnologia no Brasil e no mundo, com orçamento que cresce ano a ano.

“Em 2023, os gastos em tecnologia dos bancos chegaram a R$ 39 bilhões e, para 2024, a estimativa de gastos ultrapassa R$ 47 bilhões, com os principais investimentos direcionados para a inteligência artificial e GenAI, computação quântica, exploração de dados, cibersegurança, cloud, processos ágeis, ESG e pessoas”, informou a economista.

Vivian também apresentou informações sobre a transformação digital na Caixa:

  • Outubro de 2019 – Lançamento da Plataforma digital Caixa Tem, inicialmente voltado para os clientes de baixa renda e beneficiários de programas sociais;
  • Em março de 2020, destaca-se a relevante atuação na operacionalização dos meios necessários para o pagamento dos benefícios instituídos pelo Governo Federal no período da Pandemia. O aplicativo se tornou o braço digital da Caixa e do Governo Federal na operacionalização da distribuição e movimentação de recursos do Auxílio Emergencial e do Saque Emergencial do FGTS;
  • Inclusão de mais de 38 milhões de clientes de baixa renda e beneficiários de programas sociais no Caixa Tem. Em 2020, de acordo com a Caixa, foram mais de 6 bilhões de transações realizadas por meio de celulares, e 4 bilhões de transações por meio do Caixa Tem.

Segundo a economista, “com mais de 107 milhões de contas poupanças sociais digitais gratuitas abertas até o final de março de 2021, o Caixa Tem tornou-se o maior banco digital do hemisfério ocidental.”

A Caixa criou, em fevereiro de 2024, o Programa TEIA, acrônimo de Transformação, Engajamento, Inovação e Aprendizado, para acelerar seu processo de transformação digital.

Como ressaltou a economista, a Caixa também participa do projeto piloto do Drex, o Real Digital, por meio de ações realizadas junto ao consórcio firmado com a Elo e a Microsoft.

Impactos no emprego

O uso de tecnologia e da inteligência artificial pode estar relacionado com a redução de postos de trabalho no setor bancário.

Dados mostram que em 1990, a categoria bancária era responsável por 95,2% dos empregados no ramo financeiro. Em 2021 esse percentual caiu para 43,6%.

Na Caixa, a redução do quadro de pessoal não foi maior devido à resistência do movimento sindical, que impediu a demissão imotivada e exigiu o cumprimento da exigência mínima de 5% de empregados com deficiência, obrigando a Caixa a fazer um concurso específico para PcD e a contratar candidatos aprovados no concurso de 2014, após ter conseguido a prorrogação da validade do concurso.

*Fonte: Contraf-CUT

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