Bancários definem estratégias de luta para combater o desemprego no setor

Entre os desafios estão o enfrentamento à redução de mão de obra, os impactos de novas tecnologias e as privatizações

 


Os bancários e bancárias de todo o Brasil tiveram a oportunidade de participar na semana passada e durante o fim de semana dos Encontros Nacionais e Congressos dos trabalhadores de bancos privados e públicos. Diretores do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense acompanharam as reuniões, que em função da pandemia da Covid-19, ocorreram por meio digital. Mas, para além do distanciamento social, os debates aconteceram ante a mais dura conjuntura política, econômica e sanitária da história do país.

Neste cenário, bancários do Bradesco, Itaú, Santander, Caixa Econômica Federal, entre outras instituições bancárias, discutiram sobre os ataques do Governo Bolsonaro à categoria, aos demais trabalhadores e aprovaram propostas de estratégias de luta em defesa da vida; proteção dos empregos e direitos; o desafio da redução de bancários em função dos bancos digitais e fintechs e a contratação de empregados de outras categorias, com salários mais baixos e trabalho ainda mais precário, sem a cobertura da Convenção Coletiva de Trabalho; melhores condições de saúde e de trabalho para todos, com fim das metas abusivas e do assédio moral, inclusive para quem está em teletrabalho.

Outra questão debatida está relacionada aos bancos públicos, onde os bancários enfrentam também os ataques aos fundos de pensão e aos sistemas de saúde dos funcionários de estatais, além do projeto de privatização do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.

Diante deste contexto, o “Fora, Bolsonaro” foi unanimidade nos encontros para o enfrentamento aos ataques dos direitos dos trabalhadores. Como a história dos bancários já demonstrou só a unidade e a mobilização da categoria podem garantir a vitória.

Os próximos passos da campanha são a Conferência Estadual, neste sábado, dia 14 de agosto, e a 23ª Conferência Nacional nos dias 3 e 4 de setembro.

Prioridades elencadas nos encontros:

ITAÚ – Como não poderia ser diferente, a prioridade no Encontro Nacional do Itaú foi a proteção à vida. Vacinação da categoria e melhorias nas medidas de prevenção à Covid-19 estão entre as principais bandeiras de luta neste momento. Os sindicatos querem ainda abrir negociações sobre as regras do Gera, o novo programa de renda variável do banco, para estabelecer critérios transparentes, que evitem a pressão das metas, o assédio moral e o adoecimento.

Na questão da remuneração, o encontro defendeu ainda a manutenção das conquistas do PCR (Programa Complementar de Resultados); negociação de um novo Plano de Cargos e Salários (PCS); reajuste dos tíquetes em função da variação da cesta básica e gratificação de função para os GSO (Gerentes de Serviços Operacionais). O emprego é também uma das maiores preocupações. Por isso, os participantes do encontro defenderam o fim das demissões; um programa de realocação de pessoal e a rediscussão do programa de metas usado para justificar demissões. No item saúde, os bancários querem agilizar as negociações no Grupo de Trabalho de Saúde; o parcelamento dos valores devidos pelos bancários considerados inaptos para o trabalho e aptos pelo INSS; a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para casos de adoecimento do coronavírus; a criação de programa de saúde do trabalhador que atenda aos bancários; exigir a realização de exames demissionais; acesso dos funcionários a seus protocolos médicos; exame de retorno aos contaminados pela Covid-19; a garantia de apoio ao tratamento de sequelas da Covid e um novo acordo para o parcelamento de horas negativas. Os bancários defenderam a previdência para todos, além do debate sobre estes planos, em que os funcionários têm representantes, mas cujo controle é do banco.

BRADESCO – O Encontro Nacional dos bancários do Bradesco aprovou a pauta com reivindicações específicas, a serem enviadas ao banco. Entre os principais pontos estão o fim das demissões, com a garantia dos empregos principalmente na pandemia; a implantação do acordo de teletrabalho; a contratação de vigilantes tanto para agências, quanto para unidades de negócios; consulta aos funcionários sobre a manutenção do plano de saúde dos que se aposentarem e a retomada da mesa específica sobre saúde. Outra preocupação é o acordo de teletrabalho, que foi fechado há mais de um ano, mas não foi colocado em prática devido à cláusula que prevê que isto só ocorreria com o fim da pandemia. Na avaliação dos participantes do encontro, é preciso um acordo durante a pandemia para ajustar a necessidade do trabalhador que está há mais de um ano em Home Office. Os bancários querem negociar também critérios para o retorno ao trabalho presencial. Na avaliação do movimento sindical é preciso acompanhar se há redução dos casos de contaminações e mortes antes de decidir a volta ao trabalho presencial, especialmente nos casos de comorbidade ou contágios na família. Os participantes do evento criticaram a lentidão da vacinação no país e da imunização da categoria, no Rio, que sequer começou. Foi defendido ainda mais segurança nas unidades de negócio, que não possuem portas giratórias e nem vigilantes.

SANTANDER – O grande destaque do Encontro Nacional do Santander foram as críticas às práticas antissindicais no banco. Foi citada como uma importante vitória dos bancários, a decisão do juiz Jerônimo Azambuja Franco Neto, da 60ª Vara de Trabalho de São Paulo, que condenou o banco a pagar indenização de R$50 milhões pelas demissões em massa em plena crise sanitária e por práticas antissindicais. Tentativas de retirada de direitos dos trabalhadores na previdência complementar são direcionadas ao Santander Prev. Foi destacado como aspecto positivo, o fato de o Banesprev ser um fundo de pensão em que um dos conselheiros administrativos é eleito pelos participantes, o que impediu retiradas de direitos. Os impactos das novas tecnologias com plataformas digitais e fintechs são ameaças ao emprego da categoria. No encontro, o painel do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) trouxe números assustadores. De 2006 a 2019 houve uma brusca queda da participação da categoria bancária nos postos de trabalho do setor financeiro: em 2006, eram 688 mil trabalhadores no ramo, com mais de 90% de bancários. Hoje o número de trabalhadores saltou para mais de um milhão, porém, menos da metade é composta de bancários. Foi aprovado ainda que a COE (Comissão de Organização dos Empregados) é que irá definir o calendário de lutas dos bancários do Santander.

BANCO DO BRASIL – O 32º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil aprovou um plano de Lutas que prevê o fortalecimento da campanha contra a privatização do BB; a participação nos protestos Fora Bolsonaro, Mourão, Guedes e a política privatista que eles implementam (proposta feita pelo Encontro da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro, Federa-RJ); a participação do funcionalismo do banco e de toda a categoria bancária nos atos do próximo dia 18 pelo impeachment e pela rejeição da Proposta de Emenda Constitucional 32 (PEC 32), que acaba com os serviços públicos prestados à população, entre eles, o Sistema Único de Saúde, creches, escolas e universidades federais. Foi aprovada, também, uma decisão sobre a contribuição que o BB pode dar para o desenvolvimento do país. 

Outro ponto crucial da PEC 32 trata do fim do acesso ao BB  por meio de concurso público. Ou seja, a proposta prevê a admissão por até cinco formas diferentes de contratação, colocando fim à garantia de emprego, precarizando ainda mais as relações de trabalho com a rotatividade e a volta das indicações políticas, fragilizando a manutenção desses bancos como empresas públicas.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – Os bancários que participaram do 37º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), no sábado, 09, aprovaram estratégias que ampliam a luta da categoria contra o desmonte e o projeto de privatização dos bancos públicos do Governo Bolsonaro, que inclui ataques aos direitos dos bancários à aposentadoria complementar (fundos de pensão) e aos modelos solidários de sistemas de saúde dos trabalhadores das estatais. Além dos ataques aos direitos, o emprego dos empregados da Caixa e dos demais bancos públicos está literalmente ameaçado pelo plano privatista.
Também definiram estratégias coletivas para contrapor os ataques à Funcef e garantir a defesa do SAÚDE CAIXA.

Fonte: Sind. Bancários Sul Fluminense, com informações da Contraf-CUT

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