Sindicato participa de audiência na Câmara sobre adoecimento da categoria bancária

A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (23), uma Audiência Pública em alusão ao Setembro Amarelo. Durante o encontro foram apresentados dados alarmantes sobre o adoecimento psíquico dos bancários. Participaram do evento representantes sindicais da categoria bancária, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério da Saúde, além do especialista e assessor sindical, André Guerra. Os bancos foram representados pelo diretor de Políticas de Relações Trabalhistas e Sindicais, Adauto de Oliveira Duarte. O Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense foi representado pelo diretor Miguel Pereira. Estudioso na questão, André Guerra observou que os adoecimentos não ocorrem por acaso. Todos concordaram que a causa do adoecimento da categoria está na atual forma de organização e divisão do trabalho bancário, com cobrança de metas abusivas, falta de condições adequadas de trabalho, associadas à gestão por medo e assédios moral e sexual, além de uma intensa precarização do trabalho com jornadas extensas e terceirização das atividades bancárias. Somente a representação da Fenaban discordou desses motivos, culpando o NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário e o AtestMed do INSS, pelo apontamento de dados que não corresponderiam à realidade, uma vez que a base de enquadramento dos benefícios seria a “imprevisibilidade”. “Porém, essa é justamente uma das brigas da categoria com a Perícia Médica do INSS, que não utiliza o NTEP nas suas decisões para o estabelecimento do nexo causal e o reconhecimento da natureza acidentária da grande maioria dos benefícios concedidos. Imaginem os números, caso essa metodologia cientificamente incorporada aos procedimentos oficiais da Previdência Social, fosse de fato aplicada”, ressaltou Miguel Pereira. Várias medidas foram sugeridas para reversão da epidemia, com destaque para a urgente revisão do modelo organizacional e a atuação da chamada prevenção primária: criação de equipes multidisciplinares, todos os afastamentos médicos devem ser analisados, todos os casos suspeitos de relação com o trabalho devem ser notificados ao INSS, conforme prevê a lei. Além disso, o INSS deve aplicar o NTEP na concessão documental dos benefícios, quando o retorno ao trabalho deve ser assistido e que haja efetivamente a promoção de ambientes de respeito. Na audiência também foi denunciada a mercantilização da área de Medicina do Trabalho, cujas empresas são contratadas apenas para a caracterização de “apto” aos trabalhadores bancários, independente do quadro de saúde. “Também aproveitamos para dar publicidade e garantir o grau de veracidade de nossas afirmações do relatório final da pesquisa, realizada em parceria com o Departamento de Psicologia da UFF/VR, apontando que cerca de 80% dos bancários do Sul Fluminense afirmaram estar passando pelo esgotamento profissional. Outros 40% já apresentaram algum sintoma psíquico diagnosticado; e 39% não tinham entregue atestado aos bancos. Uma cópia do relatório foi entregue ao secretário da Câmara, deputado Carlos Veras, solicitando que fosse organizada e intermediada uma reunião com o ministro da Previdência, para tratar dos problemas relacionados às perícias médicas. De acordo com Miguel, a avaliação da audiência foi positiva e produtiva. “Aproveitamos para denunciar o processo de expulsão dos clientes e usuários das agências bancárias, com o falso argumento de escolha de canais alternativos de atendimento, principalmente para os mais pobres e aposentados do INSS, onde citamos o absurdo da Caixa, que tem exigido renda de R$ 5 mil para o atendimento presencial”, concluiu Miguel.

Curso para Novos Dirigentes reúne sindicalistas no Rio

Nos últimos dias 19 e 20 de setembro, dirigentes sindicais do Rio de Janeiro participaram do segundo módulo do Curso para Novos Dirigentes Sindicais promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) em parceria com a Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ). A secretária de Formação da Contraf-CUT, Eliana Brasil, foi a responsável por apresentar a evolução da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária aos novos dirigentes. “Nada nos foi dado pelos bancos. Todos os direitos que temos clausulados em nossa CCT foi conquistado com muita organização, mobilização e luta”, ressaltou Eliana. A dirigente lembrou ainda que a Convenção Coletiva dos bancários possui 85% mais direitos dos que os que estão garantidos aos demais trabalhadores na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Adriana Nalesso, presidenta da Federa-RJ, falou sobre a importância da formação aos novos dirigentes. “Conhecer a história do movimento sindical e da luta é essencial para ajudar na organização da categoria, porque só quem conhece os caminhos percorridos valoriza as conquistas obtidas e consegue avançar em novas conquistas”, explicou Adriana. *Fonte: Contraf-CUT