Federa-RJ leva palestra sobre ramo financeiro ao Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense

A Federa-RJ realizou uma palestra sobre ramo financeiro, nesta quarta-feira (25), na sede do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense. Os dirigentes sindicais que não puderam comparecer ao sindicato, participaram de forma online. Dividida em módulos, a palestra foi apresentada pelo secretário executivo do Ramo Financeiro da Federa-RJ, Carlos Arthur (Boné), e por Millena Alves, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), da subseção da Federação. Segundo o secretário executivo e de Formação da Federa-RJ, Luiz Otávio, o objetivo é iniciar o debate em todos os sindicatos da base da Federação e levar conteúdo para aperfeiçoar ações e debates sobre como melhor atuar na construção do ramo financeiro. “Com isso, acreditamos que vamos conseguir maior representatividade para lutar pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou. O presidente do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense e vice da Federa-RJ, Júlio Cunha, agradeceu e reconheceu a importância do debate.

Santander: balanço aponta lucro de R$ 7,2 bilhões em nove meses

De acordo com o balanço do terceiro trimestre, o Santander alcançou lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões nos nove primeiros meses deste ano.  Houve queda de 36% em relação ao mesmo período de 2022, e crescimento de 18,2% no trimestre. O lucro líquido recorrente no terceiro trimestre foi de R$ 2,7 bilhões, frente aos R$ 2,3 bilhões do trimestre anterior. A apuração pelo lucro líquido recorrente exclui efeitos extraordinários. O balanço aponta ainda que a rentabilidade (retorno sobre o patrimônio do banco – ROE) foi de 13,1%, o que representou uma baixa de 7,4 pontos percentuais (p.p.) em 12 meses. No Brasil, até setembro de 2023, o lucro do banco representou 17,5% do lucro global, que foi de € 8,143 bilhões, com alta de 11,3% em 12 meses. Segundo a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Wanessa de Queiroz, o lucro poderia ter sido maior. “A primeira observação é que o banco teve um lucro altíssimo de R$ 7,2 bilhões em nove meses. E esse lucro poderia ser ainda maior, mas o banco, mesmo com uma taxa de inadimplência de apenas 3% e em queda, optou por aumentar a provisão para créditos de liquidação duvidosa, a chamada PDD. E isso impacta negativamente no resultado”, explicou Wanessa. Quanto à criação de empregos, Wanessa criticou o balanço. Segundo dados apresentados pelo Santander, a holding encerrou o terceiro trimestre com 55.739 empregados, 4.525 postos de trabalho a mais do que tinha no final de setembro de 2022 e 568 a mais do que tinha em julho deste ano. Wanessa explicou que estes números são referentes ao grupo Santander, “incluindo bancários que trabalham nas outras empresas do grupo, que o banco insiste em falar que não são bancários. Mas, na hora do balanço, para dizer que está criando novas vagas, estes trabalhadores são incluídos no total. O banco deveria divulgar quem ele considera bancário separado de quem ele não considera bancário”. “Estes trabalhadores são precarizados e a Justiça vem dando decisões contra as terceirizações ilegais promovidas pelo Santander”, observou a coordenadora. Tudo pelo lucro A secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, que também é bancária do Santander, lamenta que o banco continue demitindo os trabalhadores, apesar o lucro altíssimo. “Não podemos aceitar que o Santander coloque sua ganância por lucros cada vez maiores em prejuízo dos trabalhadores, que estão sobrecarregados e adoecidos devido à cobrança abusiva de metas inatingíveis que são impostas pelo banco”, disse Rita. A dirigente ressaltou que os avanços tecnológicos não podem ser usados apenas em benefício do banco, precisam também favorecer os trabalhadores e a sociedade. “Precisa haver uma contrapartida social das empresas, e neste caso do Santander, para a manutenção do emprego e da economia. A solução passa pela redução da jornada de trabalho, pela semana de quatro dias, enfim, o trabalhador e a sociedade também têm que usufruir dos benefícios dos avanços tecnológicos. Eles não podem ser apropriados apenas pelos donos do capital”, afirmou. Segundo Rita, “o Santander, ao invés de melhorar as condições de trabalho e valorizar seus funcionários, caminha no sentido contrário. Demite seus funcionários e os recontrata de forma terceirizada em outras empresas de sua holding, para poder pagar salários menores e reduzir os direitos que são garantidos pela CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria bancária”. Veja, abaixo, a tabela do Santander, referente ao terceiro trimestre de 2023:

Digitalização financeira: fórum destaca importância dos movimentos sindicais para superar desafios

O Fórum Sindical Internacional sobre a Digitalização Financeira teve início, nesta quarta-feira (25), com um debate sobre os desafios impostos pela transformação digital no sistema financeiro para o trabalho em todos os países. A conclusão da mesa de abertura é que a articulação dos movimentos sindicais nunca foi tão fundamental para superar tais desafios. Marcio Monzane, secretário regional da Uni Américas, disse que “a transformação tecnológica no mundo está atingindo todos os setores, não apenas o financeiro, causando uma movimentação acelerada no trabalho, em termos de regulamentação”. Para ele, o resultado é o aumento do desemprego, uma vez que a tecnologia otimiza funções, reduzindo vagas, além de surgirem novas formas de contratações como as condições do Microempreendedor Individual (MEI) e/ou de contratados no modelo pessoa jurídica (PJ). Revolução tecnológica Para a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, essas transformações estão ligadas à revolução tecnológica. “Especificamente para a nossa categoria, setor financeiro, onde a área de TI (Tecnologia da Informação) cresceu muito, diminuíram as vagas nos bancos para algumas funções como, por exemplo, na função de caixa, que era a base da pirâmide. Então, hoje você tem basicamente nas agências as pessoas que fazem a orientação, que são chamados de gerentes: gerentes de investimentos, gerentes de conta, gerentes de negócio, enfim. Essa é uma mudança, inclusive, que mexe nos planos de cargos e salários da trabalhadora e do trabalhador bancário”, afirmou Juvandia. A dirigente também falou sobre o aumento da atuação de empresas como bancos no sistema financeiro, sem que sejam formalmente bancos. Ela citou o Nubank e o Mercado Livre. O primeiro “usa o nome de banco, mas na sua regulamentação não está formalizado como banco.” “A mesma coisa acontece com o Mercado Livre, que é uma plataforma de intermediação de vendas, mas que tem agora o Mercado Pago, com transações de um banco”, observou Juvandia, acrescentando que o debate sobre regulamentação do sistema financeiro é fundamental. O fórum está acontecendo em São Paulo, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), uma das organizadoras junto com a UNI Américas Finanças, da Fundação Friedrich Ebert Stiftung e da Sask. O evento será encerrado neste sábado (28). Participaram ainda da mesa de abertura Guilhermo Maffeo, diretor Regional Uni Américas Finanças, como mediador, além de Neiva Ribeiro, recém-eleita para a direção executiva da CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e Patricia Salazar Parra, secretária-geral do Sinecrediscotia (Sindicato Nacional de Empleados de Crediscotia Financiera S.A.), do Peru.

Troca na presidência da Caixa não agrada movimento sindical

A substituição de Rita Serrano por Carlos Antonio Vieira Fernandes na presidência da Caixa Econômica Federal recebeu críticas do movimento sindical. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (25), pelo Palácio do Planalto em uma nota oficial. A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) lembrou que as mulheres foram responsáveis por cerca de 60% dos votos de Lula nas últimas eleições. Segundo ela, trocar uma mulher por um homem não foi bom. Juvandia ressaltou que será uma mulher a menos no governo. “Não vamos aceitar que a política do governo passado seja implementada na empresa, como o desmonte da empresa e da sua função de banco público. Nem retrocessos na política da gestão de pessoas”, afirmou Juvandia. Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, também criticou a saída de Rita, que vinha tentando mudar o cenário de assédio implementado no banco na gestão anterior. “Após as drásticas gestões do banco durante o governo anterior, que implementou uma política de assédio moral e sexual contra as empregadas e empregados, Rita vinha tentando mudar e melhorar o cenário. Tínhamos nossas críticas, mas a gestão era aberta ao diálogo”, lamentou a coordenadora. Fabiana explicou que as mudanças demoram a acontecer em uma  instituição como a Caixa. “Infelizmente ocorreu a substituição quando as mudanças estavam em andamento”, disse a coordenado, ressaltando ainda que a Caixa não deveria ser usada como moeda de troca. O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, também criticou a mudança. “A Fenae, em defesa dos seus empregados e do crescimento do banco como motor para geração de emprego e renda seguirá atenta contra a entrega da Caixa àqueles que enxergam a instituição como moeda de troca, com a promoção de interesses pessoais e de seus aliados”, afirmou o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.

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