Assédio eleitoral preocupa movimento sindical

O movimento sindical internacional está em alerta devido ao aumento dos casos de assédio eleitoral no Brasil e enviou uma delegação com mais de 30 representantes da UNI Global Union, da Progressive International e da Central Sindical das Américas (CSA) para acompanhar as eleições para a Presidência da República no país. Um balanço do Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta que houve um aumento de 670,3% das denúncias de assédio eleitoral no Brasil na comparação entre as eleições de 2018 (212 denúncias) com a deste ano (1.633 denúncias). “Coagir, ameaçar ou prometer benefícios para que os empregados votem em determinado candidato é assédio eleitoral. E esta prática se configura como crime em nosso país”, explicou a brasileira, presidenta da UNI Finanças Mundial, Rita Berlofa, que recepcionará a delegação internacional que estará no país a partir desta quinta-feira (27). A comitiva se reunirá com membros da Central Única dos Trabalhadores, de partidos políticos e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), além de acompanhar o processo eleitoral até a apuração dos resultados das eleições. UNI Global Union Entidade sindical mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores do setor serviços em 150 países. https://uniglobalunion.org/ Internacional Progressista Organização que reúne entidades e grupos de ativistas progressistas de todo o mundo. https://progressive.international/ Confederação Sindical das Américas (CSA) A Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) congrega 48 organizações nacionais de 21 países, que representam a 55 milhões de trabalhadores. É a organização regional da Confederação Sindical Internacional (CSI). https://csa-csi.org/.

Desinformado: Fausto Ribeiro contradiz falas de Bolsonaro e Guedes sobre venda do BB

O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, divulgou um vídeo institucional, nesta quarta-feira (26), na tentativa de afastar o temor de privatização do BB, alegando que não existe “qualquer tipo de fundamento” nas informações sobre o tema. Suas falas, entretanto, estão sendo rebatidas por um outro vídeo, divulgado nesta quinta (27), com declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do próprio presidente da República, que confirmam o plano de privatizar o banco e outras empresas públicas. O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, aponta que, ao contrário do que Fausto afirma no vídeo institucional, os temores de venda do BB são bastante fundamentados: “A revista Veja, por exemplo, divulgou uma entrevista, recentemente, na qual o presidente e candidato à reeleição afirma que as privatizações serão potencializadas em um eventual segundo mandato“, ressalta. “Em maio de 2020, a mesma revista publicou uma matéria sobre uma reunião ministerial em que Guedes já cobrava a venda do BB. No mesmo encontro, Bolsonaro disse que o plano seria vender o BB em 2023“, lembrou Fukunaga. Desinformado? Diante do desencontro de informações, os funcionários do BB agora tentam entender porque Fausto Ribeiro divulga, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, um vídeo que contradiz os que hoje representam o controlador do banco público. “No vídeo, claramente, Fausto Ribeiro rebate as informações que estão sendo veiculadas entre os funcionários do BB. Acontece que, os bancários apenas repercutem declarações do atual governo, declarações públicas e que estão aí para todo mundo ver”, pontua Fernanda Lopes que é funcionária do BB e integra a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), como secretária da Mulher.

Imprensa divulga “relatório secreto” de assédio na Caixa

O Jornal Nacional, da TV Globo, veiculou, na terça-feira (25), uma reportagem sobre o relatório da corregedoria da Caixa Econômica Federal sobre as acusações contra Pedro Guimarães, ex-presidente do banco, e informa que existem fortes indícios de que houve realmente assédio moral e sexual. A reportagem informa que o relatório tem 500 páginas e divulgou trechos documento. Em um dos trechos divulgados pela TV Globo, a corregedoria da Caixa diz que “dos fatos relatados pelos entrevistados e depoentes, corroborados pelos demais elementos de prova, é possível afirmar que há indícios de práticas irregulares de índole sexual. E ao que tudo aponta, teriam sido praticadas de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa”. Em outro trecho, a corregedoria da Caixa diz que “os relatos expõem uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio.” Para o empregado da Caixa e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro, o resultado já era esperado. “Pelo que vemos no dia das empregadas e empregados da Caixa e denúncias que recebemos, somado ao que já foi divulgado pela imprensa, já tínhamos noção do que haveria neste relatório. O problema é que, mais uma vez, tenha sido a imprensa que tenha divulgado a informação e não o próprio banco”, lamentou. Uso eleitoral da Caixa Para a também empregada da Caixa e diretora da Contraf-CUT, Eliana Brasil, o fato de o banco não divulgar o resultado da apuração feita pela corregedoria gera suspeitas sobre sua gestão. “É possível perceber que estão acobertando os crimes de assédio praticados pelo Pedro Guimarães na tentativa de se evitar prejuízos à imagem do candidato à reeleição do atual presidente da República, que tinha no ex-presidente da Caixa seu braço direito”, disse a diretora da Contraf-CUT, ao lembrar que Pedro Guimarães chegou a ser cogitado para ser o candidato à vice-presidência da República na chapa do atual presidente. “E é bom lembrar, que, dias atrás, Bolsonaro disse não ter visto nada contundente nas acusações contra Pedro Guimarães”, completou. A Contraf-CUT e a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) vêm cobrando, reiteradas vezes, que a Caixa divulgue o resultado das apurações feitas pela corregedoria interna e também pela consultoria independente contratada pelo banco para fazer uma apuração paralela. “Quando a Daniella (Marques) assumiu a presidência da Caixa, em meio ao turbilhão gerado pela divulgação pela imprensa das denúncias contra Pedro Guimarães, prometeu que a apuração seria rápida e que, se confirmadas as acusações, a punição seria rígida. Mas, já se passaram quase quatro meses e nada de divulgação dos resultados da apuração, que não apenas já está em poder da direção da Caixa, como também da imprensa”, disse Rafael de Castro. “É uma falta de compromisso e de respeito com os empregados e com toda a sociedade”, completou. Assédio sexual é crime! O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, lembra que, no Brasil, o assédio sexual é crime, definido no artigo 216-A do Código Penal, que prevê a pena de detenção de um a dois anos. “Não se pode ‘passar a mão na cabeça’ somente porque se trata de um ex-presidente do banco. Se é culpado, deve responder na Justiça comum pelo que fez, uma vez que o assédio sexual é um crime com pena prevista no Código Penal”, disse. Entenda o caso Pedro Guimarães foi acusado de assédio sexual por várias empregadas da Caixa. A informação foi divulgada no dia 28 de junho de 2022 pelo site Metrópoles. Em poucos minutos a notícia ganhou repercussão nacional, em especial na Câmara dos Deputados, onde vários parlamentares pediram em plenário a demissão do executivo. Segundo a reportagem, no fim de 2021, um grupo de empregadas, ligadas ao gabinete da presidência da Caixa, rompeu o silêncio com uma denúncia, ao Ministério Público Federal (MPF), de assédios sexuais que vinham sofrendo. Desde então, o MPF toca as investigações em sigilo. Cinco das vítimas falaram à reportagem citada sob anonimato. Nos testemunhos, elas contam que foram abusadas com toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites desrespeitosos, por parte do então presidente da entidade. A maior parte dos relatos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em todo o país. Pelo programa, desde 2019, ocorreram mais de 140 viagens, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficavam no mesmo hotel, onde ocorriam os assédios. No dia 29 de junho, Pedro Guimarães entregou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, seu pedido de demissão da presidência da Caixa.

Como podemos ajudar?