Funcionários do BB temem privatização

Funcionários do Banco do Brasil estão preocupados com a sinalização, cada vez mais forte, do atual governo de privatizar a entidade. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que continuará no cargo caso ocorra a reeleição, conseguiu tirar do papel a privatização de Eletrobrás, Correios e BR Distribuidora, tendo manifestado diversas vezes que o BB está “na fila”. “Observamos preocupados esse interesse de vender o BB, que coloca em risco tanto o futuro dos trabalhadores quanto o futuro do país, dada a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento do país e como indutor da economia local”, avalia Rafael Matos, que foi o primeiro Representante dos Funcionários (Caref) eleito no Conselho de Administração do BB. Ainda em 2020, o atual presidente da República declarou em uma entrevista à Veja seu interesse em entregar o banco ao mercado somente em 2023, portanto, em caso de reeleição. Em entrevista mais recente à mesma revista, ele voltou a defender as privatizações sob o argumento de que “quanto mais Estado, pior”. A atual Caref, Débora Fonseca, destaca também que o medo de privatização é um sentimento crescente entre os colegas, “porque são recorrentes as falas do ministro da Economia colocando o BB na pauta de privatizações”, por isso, a eleição presidencial passa a ter uma importância especial. “Precisamos avaliar qual candidato se compromete não só com a manutenção do banco, mas também com sua utilização como mecanismo de recuperação econômica”, pondera. Desmonte silencioso O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, alerta que o BB passou, nos últimos quatro anos, por um processo de redução no número de agências e funcionários, que remete ao mesmo caminho que levou à privatização de outros bancos públicos. “Foram mais de 1.500 agências fechadas e mais de 10.500 funcionários dispensados no período”, relata. Fernanda Lopes, funcionária do BB e secretaria de Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), pontua que, “além de reduzir a oferta de serviço bancário à população”, o processo de encolhimento do banco sobrecarrega os trabalhadores, com aumento de denúncias de assédio moral e metas abusivas. “Há necessidade de mais contratações pelo BB, não apenas para reequilibrar as tarefas entre os funcionários, mas também para melhorar o atendimento aos clientes, porque, nesse processo de desmonte, periferias e pequenas cidades são as que mais sofrem com filas de espera”, completa.

Em nota, vítimas de assédio na Caixa se revoltam com fala de Bolsonaro

O grupo de vítimas de assédio sexual cometido dentro da Caixa, enquanto presidida por Pedro Guimarães, se posicionou após falas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em um podcast, Bolsonaro disse que não havia depoimentos contundentes de que houve algum tipo de abuso cometido pelos diretores do banco público. Depois da divulgação dos casos, o Ministério Público Federal passou a investigar as denúncias, assim como o Ministério Público do Trabalho. “Agora, não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher. Vi depoimentos de mulheres que sugeriam que isso poderia ter acontecido. Está sendo investigado também”, afirmou o presidente. Em nota, as advogadas que representam as vítimas afirmam ser estarrecedor Bolsonaro dizer que “não sejam contundentes atos relatados e atribuídos ao presidente de uma instituição do porte da Caixa, que deveria ter instrumentos de controle e governança eficientes, consistentes em violações profundas aos corpos, às imagens e à intimidade de servidoras do órgão”. Pedro Guimarães deixou o comando da Caixa após forte pressão causada pela revelação de denúncias de assédio cometido enquanto presidente do banco. As vítimas de assédio dizem, ainda, “ser motivo de tristeza que condutas como apalpar seios e nádegas, beijar e cheirar pescoços e cabelos, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais diversos e recebê-las em trajes íntimos, além de constantes convites para ‘massagens’, ‘banhos de piscina’ ou idas a ‘saunas’ sejam naturalizados e tidos, repetimos, como ‘não contundentes’ pelo Chefe do Poder Executivo”. Por fim, dizem que não vão se calar, apesar de posicionamentos como os de Bolsonaro. “Assim como em suas duras e desprezíveis palavras, fomos desacreditadas e relegadas à nossa própria sorte pela instituição que deveria garantir nossa integridade. Mas não nos calamos e não iremos nos calar.” Leia na íntegra a nota das vítimas de assédio sexual na Caixa “À vista de recente entrevista concedida pelo Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ao Portal Metrópoles na qual é por ele afirmado não existir “nada de contundente” nas denúncias feitas naquele que ficou publicamente conhecido como o ESCÂNDALO DE ASSÉDIO SEXUAL NA CAIXA e no qual é investigado o ex-presidente daquele órgão, Sr.Pedro Guimarães, em nome e a pedido das VÍTIMAS que representamos na esfera criminal neste caso, temos a dizer: Um, ser estarrecedor que para o Mandatário da nação não sejam contundentes atos relatados e atribuídos ao presidente de uma instituição do porte da Caixa, que deveria ter instrumentos de controle e governança eficientes, consistentes em violações profundas aos corpos, às imagens e à intimidade de servidoras do órgão; Dois, ser motivo de tristeza que condutas como apalpar seios e nádegas, beijar e cheirar pescoços e cabelos, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais diversos e recebê-las em trajes íntimos, além de constantes convites para ”massagens”, ”banhos de piscina” ou idas a ”saunas” sejam naturalizados e tidos, repetimos, como ”não contundentes” pelo Chefe do Poder Executivo; Três, acima de tudo, é motivo de indignação e revolta que, ao minimizar a dor e o sofrimento já expressos em inúmeros depoimentos perante a Corregedoria da Caixa, o Ministério Público do Trabalho e, no âmbito criminal, o Ministério Público Federal, as VÍTIMAS tenham sua PALAVRA posta em dúvida em contribuição ao processo de REVITIMIZAÇÃO que um Presidente da República deveria ter como compromisso combater. Por fim, em respeito à voz das VÍTIMAS reproduzimos integralmente parte de sua manifestação: “Seria contundente, senhor Presidente da República, se o fato ocorresse com sua esposa ou filha? Acreditamos que sim. Pois saiba que além de mulheres, também somos esposas, filhas, mães e profissionais que foram abusadas, lesadas e agredidas pela conduta de alguém que deveria ser líder, mas que optou por ser algoz. E, assim como em suas duras e desprezíveis palavras, fomos desacreditadas e relegadas à nossa própria sorte pela instituição que deveria garantir nossa integridade. Mas não nos calamos e não iremos nos calar. A verdade, apenas a verdade, é suficientemente contundente para fazer justiça e para que outras mulheres não sofram o mesmo que nós.” Brasília, 25 de outubro de 2022″

Gerentes do BB denunciam pressão e assédio ‘nunca antes vistos’

Funcionários que atuam como gerentes gerais (GG) no Banco do Brasil denunciam forte assédio e pressão para atingir metas como nunca enfrentado anteriormente. “As cobranças são realizadas de duas formas: reuniões de áudio várias vezes ao dia, principalmente no fim de expediente, cobrando o que já foi cobrado; além da exigência de entrega de uma planilha de produção ao término do expediente”, contou o funcionário do BB e diretor do Sindicato de Jundiaí, Álvaro Pires da Silva. Os gerentes pontuam que o banco possui tecnologia para acompanhar todo o processo online. Portanto, a exigência de produzir uma planilha, além do sistema usual, é avaliada pelos funcionários como “um instrumento de tortura” e para produzir provas contra o gestor a respeito de sua capacidade. “Alguns gerentes não repassam para os subordinados as exigências, mas muitos acabam repassando a cobrança, inclusive para escriturários”, destacou Álvaro. O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, alertou que “a gestão pelo assédio”, com base em metas cada vez mais abusivas e inatingíveis, impacta diretamente a saúde de todos os bancários, não só dos gerentes gerais. “Todos acabam sendo submetidos às mesmas pressões”, explicou. “A direção do BB precisa esclarecer a razão de estar acontecendo esse tipo de cobrança, várias vezes ao dia, e por que essa obrigação de uma planilha, além dos mecanismos de acompanhamento de funções que já existem na empresa”, completou. Álvaro pontuou ainda que, até mesmo gerentes que vinham respondendo às exigências cada vez maiores das lideranças, estão agora se manifestando contra o novo e surpreendente modelo de cobrança. “Poucos funcionários conseguem, tranquilamente, fazer a planilha. Mas, os que não conseguem ficam constrangidos e sofrem psicologicamente”, pontuou. Enfraquecimento do BB Fernanda Lopes, secretária de Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e bancária do BB, enfatiza que está ocorrendo uma redução de agências e funcionários, junto à escalada de pressão por metas: “Nos últimos quatro anos, temos sofrido com o encolhimento do banco. No período, foram fechadas mais de 1.500 agências e reduzido em mais de 10.500 o número de funcionários. As metas, por outro lado, continuam subindo. Por isso nós defendemos a volta do fortalecimento do BB como um banco público, alinhado com o desenvolvimento do país e presente nas regiões onde os bancos privados não querem atuar, que são as pequenas cidades e periferias”, concluiu.

Caixa conclui investigações sobre acusações ao ex-presidente do banco Pedro Guimarães de assédio sexual

A corregedoria da Caixa Econômica Federal concluiu a investigação interna sobre as denúncias contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães por assédio sexual e moral. A corregedoria da Caixa reuniu mais de 50 depoimentos de vítimas e testemunhas e levantou informações sobre as denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães – verificou viagens e reservas de hotel, fotos e datas de jantares e reuniões. O relatório final tem cerca de 500 páginas e já foi apresentado ao Conselho de Administração do banco. A conclusão da corregedoria é que existem fortes indícios de assédio moral e sexual praticados por Pedro Guimarães quando era presidente da Caixa. O relatório já foi compartilhado com os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, com a Controladoria-Geral da União e com a Comissão de Ética da Presidência da República. No documento, a corregedoria afirma que “dos fatos relatados pelos entrevistados e depoentes, corroborados pelos demais elementos de prova, é possível afirmar que há indícios de práticas irregulares de índole sexual. E ao que tudo aponta, teriam sido praticadas de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa”. A corregedoria da Caixa também afirma que constatou que frequentemente Pedro Guimarães adotava práticas como: abuso do poder hierárquico, atitudes constrangedoras, comportamentos agressivos, tratamento ríspido e submissão de empregados a práticas de humilhação e vexame. E concluiu que os relatos expõem uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio. A primeira denúncia foi feita à corregedoria em maio. No mês seguinte, quando as denúncias vieram a público, Pedro Guimarães pediu demissão. Outros cinco vice-presidentes também já foram substituídos. A corregedoria vai abrir agora novas investigações para apurar outros possíveis desvios de conduta de Pedro Guimarães e pessoas ligadas a ele. O Ministério Público do Trabalho já ajuizou uma ação civil pública pedindo indenizações milionárias à Caixa e ao ex-presidente. O Ministério Público Federal também investiga as denúncias. Advogadas das vítimas do ex-presidente da Caixa afirmaram nesta terça-feira (25), em nota, ser motivo de tristeza que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que não viu nada contundente nos depoimentos de mulheres sobre o comportamento de Pedro Guimarães. A nota menciona condutas como apalpar seios e nádegas, convidar para idas a saunas, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais e recebê-las em trajes íntimos. A declaração de Bolsonaro foi na segunda-feira (24), em entrevista ao site Metrópoles. A defesa de Pedro Guimarães repudiou a forma de condução da investigação pela corregedoria da Caixa. A defesa questionou a parcialidade da comissão interna, afirmou que as conclusões pouco contribuem para o esclarecimento das apurações e que Pedro Guimarães confia na Justiça e no Ministério Público Federal. A Caixa afirmou que não tolera desvio de conduta de dirigentes ou empregados e que, além do relatório da corregedoria, contratou auditoria externa, formou um comitê independente para investigar as denúncias e reforçou o canal de denúncias. Fonte: G1

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