Definidos os temas das negociações com os bancos

O Comando Nacional dos Bancários definiu nesta quarta-feira (22), os temas das reuniões de negociações com a Federação Nacional do Bancos (Fenaban). “São temas centrais que englobam uma série de reivindicações da categoria. Isso contribui para organizarmos e agilizarmos as negociações”, ponderou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “É hora de nos mobilizarmos! E bora ganhar este jogo!”, completou. Emprego e terceirização será o tema tratado na próxima reunião; na sequência, cláusulas sociais e segurança bancária; cláusulas sociais e teletrabalho; igualdade de oportunidades; saúde e condições de trabalho; e duas reuniões sobre as cláusulas econômicas (veja o calendário detalhado ao final do texto). Banco de horas negativas Antes de entrar na pauta definida para o dia, o Comando Nacional dos Bancários reivindicou o abono das horas negativas das pessoas com comorbidade para as quais o banco não conseguiu viabilizar o trabalho remoto durante a pandemia. “As pessoas foram afastadas por uma questão de saúde pública. Foram dois anos de pandemia e para algumas delas os bancos não conseguiram viabilizar o trabalho remoto. Isso gerou um número muito grande de horas a serem compensadas. Por mais que tenham tentado, algumas pessoas não conseguiram compensar todas estas horas. Queremos que estas horas sejam abonadas”, explicou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, que também coordena o Comando Nacional dos Bancários. A Fenaban disse que, como as negociações sobre banco de horas foram realizados diretamente com os bancos, fará um levantamento sobre quais são os casos e discutirá a proposta com cada um deles. Demissões em massa O Comando também lembrou sobre a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) com relação à necessidade de negociações com os sindicatos antes de empresas promoverem demissões em massa. “O Banco Mercantil do Brasil está encerrando as atividades no Rio de Janeiro e vai fechar todas as agências no estado. Pedimos que a Fenaban intermedeie negociação com o BMB para que seja respeitada a decisão do Supremo e esta mesa de negociações”, reivindicou a presidenta da Contraf-CUT. A Fenaban disse que recebeu ofício da Contraf-CUT com a solicitação, já está tentando agendar reunião com o banco para tratar do assunto e dará resposta à representação da categoria até a manhã desta quinta-feira (23). PL 1043/2019 O Comando Nacional dos Bancários também solicitou que os bancos trabalhem no sentido de retirar o Projeto de Lei 1043/2019, que propõe a liberação da abertura de agências bancárias aos finais de semana, da pauta de votação. “Os bancos alegam que em alguns eventos, como feiras de negócios, que ocorrem aos finais de semana, são prejudicados devido a não abertura dos bancos nesses dias. Isso não justifica o desrespeito à nossa mesa de negociações. Nunca nos negamos a negociar estes casos específicos. Inclusive existem acordos que permitem este trabalho”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT. “Tanta coisa mais importante para ser discutida no Congresso Nacional e querem criar uma lei para um tema que é tratado em nossa mesa de negociações. Isso deve ser pauta aqui na nossa mesa, não no Congresso. Por isso, pedimos o esforço para que o mesmo seja retirado da pauta”, ressaltou. Calendário de negociações: Segunda-feira, 27 de junho:Emprego e Terceirização Quarta-feira, 6 de julho:Cláusulas sociais e segurança bancária Sexta-feira, 22 de julhoCláusulas sociais e teletrabalho Quinta-feira, 28 de julhoIgualdade de oportunidades Segunda-feira, 1 de agostoSaúde e condições de trabalho Quarta-feira, 3 de agostoCláusulas econômicas Quinta-feira, 11 de agostoContinuação das cláusulas econômicas

Trabalhadores defendem opção no regime de tributação da previdência complementar

Os representantes dos trabalhadores nas associações de defesa dos interesses e direitos dos participantes em previdência complementar e dos participantes de planos de saúde de autogestão defendem a aprovação do Projeto de Lei (PL) 5.503/2019, que autoriza participantes e assistidos de plano de previdência complementar a optar pelo regime de tributação na ocasião da obtenção do benefício ou do resgate dos valores acumulados. Depois de aprovado pelas Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e Comissão de Assuntos Sociais (CAS) no Senado, o projeto de lei está em tramitação na Câmara dos Deputados. O diretor eleito de Seguridade da Previ, Wagner Nascimento, lembra que durante muitos anos, a cada reunião com associados de fundos de pensão com planos de benefícios dos tipos Contribuição Variável (CV) e Contribuição Definida (CD) – como o Previ Futuro, Novo Plano Funcef e Petros-2 – uma questão recorrente é em relação à possibilidade de alteração da opção pelo regime de tributação, se regressiva ou progressiva, ao final do período de acumulação. “Muitos participantes alegam que até haviam sido informados no momento da adesão ao plano que precisariam fazer a escolha do regime de tributação, mas não tinham a menor noção de qual seria a opção ideal e nem recebiam informações que pudessem lhes dar segurança para tal decisão”. Para Nascimento, a reivindicação é mais que justa, pois pelo modelo atual o associado tem até o último dia do mês subsequente à entrada no plano para tomar tal decisão. “O trabalhador ou trabalhadora hoje tem prazo entre 30 e 60 dias para decidir sobre uma premissa que irá impactar seu benefício para a vida toda. Sem contar que ninguém tem bola de cristal para saber como será o futuro, o que torna essa decisão na entrada ao plano ainda mais sem sentido”. De acordo com ele, muitas coisas poderão ocorrer na vida do trabalhador associado a um fundo de pensão. “Podem influenciar no cálculo da alíquota a ser aplicada fatores como remuneração ao final da carreira, constituição familiar, se terá companheiro ou companheira, filhos ou outros dependentes, bem como as deduções de despesas assistenciais como saúde e educação”. O diretor eleito de Seguridade da Previ lembra ainda que, se o trabalhador não se manifestar no período proposto, automaticamente será assumido o regime de tributação progressivo com a tabela do IR mais praticada, e que incide sobre nossos salários. “Mas, estamos falando de um modelo de acumulação que deve ser longo, talvez mais de 20 anos, e que terá um período de benefícios também longo, quem sabe mais 20 anos. Ou seja, falamos de uma jornada de mais de 40 anos”. Já para Marcel Barros, presidente da Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão (Anapar), o modelo regressivo pode ser mais vantajoso e premia aquele que tem uma visão de longo prazo e poupa no presente para garantir um futuro mais tranquilo. “Ao passo que, se a faixa salarial do associado for mais baixa e ele tiver dependentes ou despesas dedutíveis, é melhor para quem está no regime progressivo”. Portanto, segundo Marcel Barros, a opção pelo regime de tributação no início da vida laboral ou entrada no sistema de previdência complementar é o que chamamos de “tiro no escuro”, dada a complexidade e imprevisibilidade dos fatores envolvidos. “Para a Receita Federal, a opção no início da jornada em nada ajuda, pois é impossível fazer um planejamento tributário sem saber em que momento o trabalhador irá finalizar o período de poupança e iniciar o consumo de sua reserva. Também não há como prever qual será o montante acumulado e muito menos o valor do benefício”. O presidente da Anapar garante que a associação tem sido incansável na luta por essa alteração e tem recebido o reforço de representantes eleitos pelos associados em diversos fundos de pensão. “Os dirigentes eleitos da Previ, por exemplo, fizeram muitas gestões junto aos membros das comissões do Senado por um parecer favorável ao PL do senador Paim. Houve também articulação com dirigentes da Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público da União) para fortalecimento de ações em favor da aprovação dessa mudança. Dessa forma, acreditamos que o PL 5.503/2019, que agora vai à Câmara dos Deputados, traz justiça aos trabalhadores no que tange à possibilidade de optar pelo regime de tributação quando já tem algumas premissas definidas ao final de uma jornada de poupança e início da jornada de consumo das reservas”, concluiu.

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